Devo muito aos Serviço Nacional de Saúde. Possivelmente não estaria viva se ele não existisse, pois o meu dinheiro nunca chegaria para pagar os tratamentos que precisei de fazer quando estive doente. E penso muitas vezes nisso. Por isso, considero esta crónica do Miguel Esteves Cardoso, publicada no Jornal Público no dia 23 de março, de leitura obrigatória.
Se não fosse o NHS — o sistema de saúde do Reino Unido, onde nasceram, muito prematuramente, as minhas filhas — elas não teriam sobrevivido. Elas devem a vida ao NHS. E eu devo-lhe o amor e a alegria de conhecer a Sara e a Tristana, para não falar no meu neto, António, igualmente devedor, mais as netas e netos que aí vêm. Se não fosse o SNS (Serviço Nacional de Saúde) eu teria morrido em 2005, com uma hepatite alcoólica causada unicamente por culpa minha. Seria também coxo, quando me deram uma prótese para anca. E, sobretudo, teria morrido, se o SNS não me tivesse dado o antibiótico caríssimo (Linozelid) que me salvou do MRSA assassino que me infectou durante a operação.
Se não fosse o SNS, a Maria João, o meu amor, estaria morta.
Se não fossem o IPO e o Hospital de Santa Maria, pagos pelo SNS, ela não estaria viva, por duas vezes.
Sem a NHS e o SNS, eu seria um morto, sem mulher, filhas ou netos. Estaríamos todos mortos ou condenados à inexistência.
Não é difícil chegar à conclusão, atingida desde os meus dezanove anos, de que as melhores ideias de todas são a social democracia e o Estado-providência: não tanto no sentido ideológico como na prática.
A nossa família e as nossas famílias só existem e podem existir se não tiverem morrido. Damos graças aos serviços nacionais de saúde — a esse empenho ideológico e caríssimo — que nos tratam como se fizéssemos parte deles.
Devemos as nossas vidas a decisões políticas tomadas por outros.
terça-feira, 26 de março de 2013
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10 comentários:
Muito verdade. Adorei a crónica.
Sem dúvida que é um sistema importante e que permite o acesso a cuidados que, de outra forma, muitos não teriam. Tenho óptimas experiências com o SNS, outras menos boas. Neste momento sou excelentemente bem acompanhada num hospital público por causa de uma doença crónica que tenho e que foi negligenciada num outro, público também. Mas porque apanhei médicos menos bons, menos atentos, o que há em todo o lado, em todos os sistemas e em todas as profissões.
Acho que já faltou mais para se começar a falar da privatização total da saúde se é que já não se falou. Mas ainda bem que por agora resiste. Sem ele, muitas pessoas deixariam de ter acesso aos cuidados de saúde.
Boa crónica a desse senhor, mas acho que se enquadra mais numa partilha de experiências pessoais favorável, do que propriamente uma crónica. Mas gostei, porque é a realidade do que acontece.
Long live SNS! Espero que consiga resistir à crise e à Troika etc.
Muito bom! Obrigada pela partilha.
http://qaoquadrado.blogspot.pt/
E quando vemos o que se passa nos States, só o considerado país mais rico do Mundo, onde quando acaba o seguro as pessoas são literalmente despejadas do hospital, estejam no estado que estiverem, graças devemos dar ao nosso SNS, mesmo quando vemos os doentes espalhados pelos corredores nos hospitais, É sinal que, mesmo cheios, aceitam sempre mais um doente e, embora as condições nos deixem zangados, pelo menos não nos fecham as portas. Long live SNS! Nisto ainda somos melhores que outros considerados mais desenvolvidos.
Neste momento a realidade do SNS é um bocadinho diferente de há uns anos atrás...
Há doentes sem medicamentos (caros ou baratos) porque os hospitais não os têm... e é triste. Infelizmente é quase uma questão de sorte :(
Realmente... faz todo o sentido.
Bela crónica do MEC.
Temos que manter o SNS de pé!
Uma grande verdade mas que parece que tão poucas pessoas valorizam... Belas palavras!
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