sexta-feira, 17 de junho de 2011

Do fim das aulas

Amy Adams

As aulas estão quase a terminar. Acho que nunca houve um ano em que desejasse tanto isso (e antes que venham para aqui atirar pedras e dizer que vou já entrar de férias, aviso já que não, que só em agosto as terei. fim das aulas não é sinónimo de férias para os professores). Este foi o ano letivo mais cansativo e mais difícil da minha carreira. A mudança de alunos quase roçou o traumatizante. Depois de ter tido uma turma muito muito boa em todos os aspectos, era previsível que isto acontecesse. E aconteceu. Os alunos de ano para ano pioram. É um facto que tenho observado nos meus catorze anos de carreira. São mais insubordinados. Chegam todos com o rei na barriga. Acham-se todos os melhores. Querem fazer tudo à sua maneira. Cada vez têm menos poder de concentração. Há tanto estímulo, tanta coisa para onde centrarem a sua atenção, que se torna cada vez mais complicado conseguir captar a sua atenção, mesmo que se faça o pino, sem que se dispersem ao fim de pouco tempo. No entanto, agora olhando para trás e para o estado em que chegaram no início do ano letivo, consigo ver a evolução deles. E que evolução. À custa de muito trabalho, de muita zanga, de muito não, de muita regra, de muitos nervos acumulados, mas a verdade é que estão muito diferentes, para melhor, para muito melhor. E é por estas e por outras que, apesar de tudo, continuo a adorar ser professora. Pelas gargalhadas que dou com eles, pelo crescimento deles a todos os níveis, pela ausência de rotina diária e pelo reconhecimento do meu trabalho no final de cada etapa.

11 comentários:

apessoa disse...

Esperemos que as férias não os mude de novo
Que passe depressa o que falta deste e o próximo lhe sorria :)

Como mãe também concordo com o que diz em relação às crianças, este ano tive uma má experiencia com a professora, mas nada que não se resolva :)

ana sofia santos disse...

imagina agora isso, mas mais crescidos.
Os jovens estão cada vez mais parvinhos :)

Marta disse...

e deves ser uma optima professora, que nunca desiste dos seus alunos :)
beijinhos

Unknown disse...

Admiro-te. A ti e a todos os professores que o são com gosto e todos os dias vão aturando tantas coisas nojentas. Mas por isso mesmo é que eu nunca seria professora: os miúdos que não se esforçam minimamente exasperam-me.

Paty Michele disse...

Fane, tbm sou professora, de escola pública no Brasil. Por aqui as dificuldades são muitas, mas sem dúvida que a perda dos valores familiares e da autoridade dos pais sobre os filhos é a causa de nossos maiores conflitos.
Hoje começa o recesso junino, que dura duas semanas e só em dezembro encerramos o ano letivo.
Abraços e boa sorte com a próxima turma.

Luisa disse...

Como te compreendo. As pequenas vitórias permitem-nos continuar e a adorar a profissão.

Anônimo disse...

Kitty Fane, também sou professora, dou aulas de Português e de Francês para adolescentes numa escola pública aqui no Brasil. Penso como você! Leio seus escritos sempre e admiro muitíssimo você. Um abraço!

Agri Doce disse...

É exactamente isso que é fantástico e diferencia os professores. Os que o são por amor à profissão!

Patty disse...

Parabéns! Crescemos tanto com eles...

Juanna disse...

Por curiosidade (e apenas curiosidade), afinal de contas quantos dias NÃO trabalham os professores? Não lhes chamo férias porque também falo dos dias não lectivos. É que de todos os professores que conheço, nenhum me diz claramente que existem os (mais ou menos) 25 dias de férias anuais, mais X dias não lectivos, o que perfaz um total de Y dias ao ano. É curiosidade, se não te apetecer responder, não há problema.

Quanto aos teus alunos virem cada vez menos educados e preparados... enfim, sou mãe de uma miúda de 9 anos e se soubesses o que reclamam os PAIS (não os alunos) dos deveres, dos exames, dos testes, etc!

amora disse...

Eu sou mãe de dois futuros jovens e adultos. Concordo com o que dizes em relação aos estímulos que os miúdos recebem hoje em dia. Reparo nisso muitas vezes. Falo com eles e tento encaminhá-los para as escolhas que entendam mais corretas. É um trabalho grande o que temos todos pela frente, pais, educadores e escola. Espero bem que eles saibam escolher o que realmente importa. Fico feliz por encontrar professores conscientes da profissão que escolheram.