quinta-feira, 10 de março de 2011

Do amor

Leighton Meester e Edward Westwick em "Gossip Girl"

A nossa primeira relação séria é sempre marcante e acaba por determinar parte do comportamento que temos no resto da nossa vida. É certo que pode correr tudo bem, e aí das duas uma, ou ficamos o resto da vida com essa pessoa ou nos divorciamos muitos anos mais tarde com a sensação de que devíamos ter aberto os olhos mais cedo e ter percebido que aquilo afinal não era bem o que queríamos.

Eu tinha dezoito anos, quase dezanove, quando me apaixonei a sério pela primeira vez. Ele fez de tudo para me conquistar, até serenatas por baixo da minha janela cantou, e eu, claro, rendi-me aos seus encantos. Completamente apaixonados, fazíamos promessas e juras de amor, e ele sempre me dizia a mesma coisa - se um dia a nossa relação terminar será por tua vontade, porque eu por mim ficarei sempre contigo, tu és a minha vida. Aquilo tranquilizava-me porque eu sabia que nunca iria deixar de gostar dele. Eu dedicava-me a ele como nunca me tinha dedicado a ninguém. Durante três anos. A verdade é que como prémio de toda esta dedicação e de todas estas palavras tão sentidas, ele ofereceu-me um par de chifres na minha linda testa. Uma traição com uma amiga que tínhamos em comum (o que ainda é pior, antes fosse com uma desconhecida qualquer).

Sofri horrores durante meses. Definhei (esta parte até foi boa porque finalmente consegui o corpo de modelo que eu queria na altura e que ainda não tinha conseguido). Carregava o mundo em cima de mim. Foram muitos os dias em que saía da escola (no meu primeiro ano de trabalho) e corria para casa para fechar a porta e chorar sem ninguém me ver. Chorava, chorava, chorava. E assim foi durante meses. A vida perdeu a cor. Não tinha vontade de me levantar de manhã. Mas escondi sempre isto de toda a gente. Sou demasiado orgulhosa para me mostrar assim cheia de feridas. Só mesmo as amigas mais chegadas souberam deste meu sofrimento. Que foi enorme.

Passados meses conhecia outros rapazes mil vezes mais inteligentes do que ele, mil vezes mais giros do que ele, mil vezes mais tudo do que eles, que faziam tudo para me conquistar, e eu só conseguia pensar naquele traste. Acho que demorei anos a esquecê-lo. As marcas deste desgosto reflectiram-se em todas as relações seguintes. Um medo terrível de compromisso sério, derivado do medo de me entregar novamente de corpo e alma a uma relação e acontecer o mesmo que tinha acontecido antes.

Agora olho para trás e penso que isso foi o melhor que me aconteceu. O que sabia eu da vida e das relações nessa altura? Nada. Era ingénua. Completamente ingénua. Tolinha, até. E se aquela relação tivesse dado certo eu iria ficar sempre assim. Foi preciso passar por estes anos todos para perceber que afinal eu merecia muito melhor do que aquilo.

E acho que esse desgosto foi o primeiro passo para eu perceber o meu valor, e perceber, acima de tudo, aquilo que quero e aquilo que não quero. Perceber que não nos devemos contentar com o satisfaz, mas sempre com o excelente. E para estarmos com o satisfaz é preferível estarmos sozinhas, porque, afinal de contas, sozinhas até estamos bem e poupamo-nos a chatices.

Eu sempre disse, usando as palavras da Carrie - I'm looking for love. Real love. Ridiculous, inconvenient, consuming, can't-live-without-each-other love. E as pessoas sempre me disseram que isso não existia. Ou melhor, existia apenas nos primeiros quinze dias de uma relação. E eu já acreditava piamente nisso. Mas vim a comprovar que não, que isso existe. E que valeu a pena esperar anos a fio por ele. Que valeram todos os desgostos. Que nada aconteceu por acaso. Porque depois ele apareceu e fez com que tudo o que tinha acontecido para trás fizesse sentido.

Neste momento, não sei o que seria a minha vida sem o meu amor. Se calhar não seria viver, mas sim sobreviver. É que há a minha vida antes dele. Cheia de emoções, mas, agora que olho para atrás, vazia deste sentimento. E há a minha vida depois dele. Cheia de emoções e cheia deste amor que me encheu o coração de coisas boas. Que me fez querer construir uma família com ele. Que me fez querer envelhecer ao seu lado. Que me fez acreditar novamente em contos de fadas.

35 comentários:

Eu, Tu e o Meu Blog disse...

Que Bonito :)
Eu também acredito no amor verdadeiro, em que existem pessoas destinadas a estarem ao nosso lado.
Parabéns por todo o Seu percurso que não tem sido nada fácil. Mas conseguiu sempre dar a volta e ganhar as batalhas. Felicidades e que daqui a longos anos sejam um daqueles casais que por vezes vejo na rua de mão dada, apaixonados e com uma amizade esplendorosa que os une. *

Girls Next Door disse...

Que post tão inspirador e tão cheio de esperança para quem passou ou passa pelo mesmo. Muito bom! Beijinhos C.

Caixa disse...

Revejo-me muito no teu texto. Namorei dos 16 aos 19, três anos, com aquele que sempre acreditei ser o homem da minha vida. Tinha um amor louco por ele e toda a gente me dizia que ele ainda mais por mim. Um dia, da noite pró dia, disse que precisava de um tempo. Terminamos, mais tarde voltamos, depois terminamos e ele disse que estava farto de mim. Sofri um ano seguido: chorava no trabalho, na faculdade, na rua sozinha, um horror... Sofri muito, até que finalmente acedi às tentativas de um rapaz que trabalhava no café dos pais e já se atirava a mim ainda eu namorava com o outro. Um ano depois de sofrer, começamos a namorar. Já lá vão 2 anos e 8 meses, e nunca tão feliz. :)

Framboesa (uma diva de galochas) disse...

Tive o meu 1.º namorado assim cm esse aos 16...3 aninhos com direito a chifres no fim tb...Pensei q morria; tb definhei (tal como tu...va la, va la)...andei em baixo tantos meses seguidos...que loucura! Uma semana antes de conhecer quem é hj o meu marido, esse tal namorado convidou-me para sair...que nunca me tinha esquecido e treca lareca...e eu que tao entusiasmada estava por ir sair com o amor da minha vida, ao fim de 20 minutos ja estava farta dele, de estar ali.O contexto tinha mudado e ainda bem q saí com eçle para constatar isso pq estava presa a ele já ha muito tempo...e tal como disse passada uma semana conheci o homem da minha vida-mesmo.Como se aquele encontro com o passado fosse para encerrar o passado.Já la vão 13 anos...
Adorei este texto!Revi-me muito, muito!

nat. disse...

Ainda bem que assim é, e que a tua vida agora é mais cheia de tudo!

O teu blog é inspirador!

E a Felicidade e o Amor é tão bonito!

Beijinho!

Lúcia Lopes disse...

Eu não costumo fazer comentários Kitty, mas de facto, senti vontade de partilhar cntg a minha experiência.
Estou com a pessoa mais maravilhosa do mundo há 10 anos. Comecei a namorar com apenas 16 anos e assim permanecemos durante 8 anos e meio. Casamos e continuamos juntos há mais 1 ano e meio. O amor não desaparece nem sequer esmorece. Ele torna-se maduro e cada vez mais forte. Eu tenho 26 anos, sou muito jovem e tenho a minha vida toda pela frente...mas sem ele, não me faz sentido. É como tu dizes, a vida antes e depois do verdadeiro amor.
O que as pessoas dizem não me importa, porque se assim fosse não acreditava no amor e não estariamos juntos e tão felizes.
Acredito apenas no nosso sentimento um pelo outro e no que existe agora.
Se somos destinados um ao outro para sempre? Não sei. Mas neste momento, ele é o único que me preenche e com quem quero ficar.

Miss Piglet disse...

Bolas, eu não teria dito melhor:) É um amor destes que eu quero para mim mas parece que já ninguém acredita nisto; vejo as minhas amigas a contentarem-se com o satisfaz, recuso-me a tal. Não quero perder a esperança, acho que a vida só vale a pena pelas emoções fortes, boas ou más, mas que nos façam sentir vivos. E como escreveu Fernando Pessoa:

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis"

Muitas Felicidades! e as melhoras.

Palco do tempo disse...

Como percebo bem este texto :) também já me senti assim [in]felizmente.

kiss kiss

mjoaob disse...

Penso exactamente assim e espero o tempo que for preciso para o ter. :)
bjinho e tudo de bom

C. * J. disse...

Parace que tivemos o mesmo 1º namorado. LOL Enfim... concordo e compreendo perfeitamente o que disseste :) E em ti está a prova que a Mulher consegue superar e amar novamente!
Beijinhos,
J.

Anônimo disse...

Revejo-me nesse post também, se bem que a minha história foi um tanto diferente.
Mas também sofri no passado e graças a Deus! Porque descobri minha felicidade noutro lado bem diferente do nosso =)
Beijoo*

Teresa disse...

Ohminhamiga... leio a minha vida nas tuas palavras!
É mesmo assim, a melhor coisa que nos aconteceu mas que, na altura, foi a pior q podia ter acontecido...
Bjsss

Mary G. disse...

Miss Kity, és uma grande Mulher! Por tudo o que tens feito e por tudo o que és! Também m revejo nas tuas palavras, tinha 20 anos quando conheci aquele que me parecia ser o Homem da minha vida, entreguei me como nunca o tinha feito, e fui muito feliz durante o 1ºano de namoro, depois devido a várias situações, ele fartou se de mim, dizia que eu já não era a pessoa por quem ele se tinha apaixonado! Comprámos casa, na esperança parva da nossa relação voltar a ser o mesmo mar de rosas, e foi o meu maior erro, apesar de hoje pensar que foi o melhor que fi.Passados dois meses de estar na casa que tinha comprado em meu nome, descobri que ele me andaria a enganar, confrontei o e ele admitiu, ainda o perdoei mas não conseguia esquece.A verdade é que as discussões eram constantes e voltei a descobrir que eles continuavam juntos, e nesse dia expulsei o da minha casa, e apanhei uma depressão que quase me levou à morte! Tinha 22anos, e tinha uma casa para pagar sozinha, e até o emprego perdi devido à minha depressão.Mas um dia cansei me de estar doente, afinal de contas eu tinha que me fazer á vida! Arranjei novo emprego, voltei a estudar, e apesar de estar à cerca de 5anos sem namorado, porque ainda não consegui superar a mágoa, e porque também os homens que conheço assustam se com a minha independência e sabem que eu não estou para brincadeiras. Ora se eu não tivesse passádo por esta experência, não seria a pessoa madura que hoje sou, só com 27anos. E aquele amor, no fundo, não me satisfazia, mas eu é não queria ver. Tenho a certeza que o Tal, está perto, muito perto de chegar, porque agora eu sei que estou pronta para o receber....

Ana disse...

Espero mesmo que valha a pena esperar por um amor assim... é que depois de passar anos a sofrer por alguém e cheia de medo de voltar a abrir o coração, preciso de acreditar que ele vai chegar! :)

Mia disse...

Precisamos mesmo desses desgostos para crescer e para seguir em frente!

O teu exemplo mostra como vale a pena, e que o nosso Prince Charming anda por aí..

Também escrevi sobre isso..

http://pegadafeminina.blogspot.com/2011/02/as-vezes-pode-ser-tao-simples.html

http://pegadafeminina.blogspot.com/2011/02/operacoes-complicadas.html

Fi disse...

Identifico-me a 100%! :) beijokas*

Juanna disse...

Been there, done that. Mas continuo a pensar que isso foi exactamente o que senti ANTES de namorar com o traste. Depois conheci o pai da minha filha e senti o mesmo, amor eterno, juras, etc. E mais uma vez me enganei e julguei morrer. Depois conheci o pai da minha outra filha e já lá vão 8 anos juntinhos. Mas ainda assim não consigo deixar de pensar que essa sensação de "we'll be together forever" acontece sempre que nos apaixonamos. Isso faz com que cada homem seja um forever. E afinal não era :)

Maggie Gonçalves disse...

Yap! o AmOR tem destas coisas.
E a vida é sempre perfeita, não é??
Eu diria mais: AmOR=viDA
-Adorei o post !

ana disse...

e é tãaaao bom!

dri disse...

Gostei muito do texto.
Pessoalmente, espero que daqui a uns tempos possa dizer o mesmo... Saí de uma relação à algum tempo e ainda não consegui esquecer aquela pessoa...
beijinhos

Ariel T Tavares disse...

"se um dia a nossa relação terminar será por tua vontade, porque eu por mim ficarei sempre contigo, tu és a minha vida"...se nao foi ele a acabar a relaçao, realmente estava a falar a verdade....estes rapazes sempre tao praticos. O melhor disto tudo é que sempre se pode olhar para tras e ver tudo com outra leveza e pensar que afinal foi importante para umas coisas e insignificante noutras.
E agora, onde estas, ai rainha com a coroa, uma família, o amor incondicional que é dedicar e receber de uma família. Portanto é mesmo assim, os grandes amores estão para as grandes pessoas. Assim como o pensamento positivo esta para a sorte.

Claro que quando temos 20 anos o pensamento é diferente.... :p

Duchesse disse...

Obrigada por partilhares...

Sempre reacende uma réstia de esperança :)

Helena Barreta disse...

Eu acredito no amor para a vida, ainda para mais sou filha de um amor assim.

Que bom para si Kitty, para o seu amor e para a família que quiseram construir. Desejo-vos as maiores alegrias e que o amor continue a crescer.

Bom fim de semana

Beijinhos

izzie disse...

Obrigada por teres escrito este texto :)

De coração, pelo teu coração.

Um beijinho,

RBM disse...

Este teu texto deu-me algum alento. Na verdade, e encontrado-me eu naquela fase constituída por meses de vida sem cor a seguir ao fim de uma relação, sinto na maioria das vezes sem esperança nenhuma. Como se não houvessem outros homens e como tal, como tu escreveste, nunca mais fosse capaz de ter um relacionamento sério. Por mais que as pessoas me digam que é tudo normal e que toda a gente - excepto aqueles que acertam à primeira- já passaram por algo semelhante é muito dificil de acreditar. Por isso é sempre bom ler testemunhos de casos que correram bem.

MissBlueEyes disse...

Kitty que lindo. Eu namorei três anos e meio com o meu primeiro amor, depois casamos, tinha Eu 20 anos, no dia que fazemos 3 anos de casados, descobri que tinha outra, tb sofri horrores, 7 anos dedicados a uma pessoa que não mereceu, pensava Eu na altura. Também fiquei uma verdadeira topmodel. Hoje olho para trás e agradeço-lhe o facto de o ter feito, porque até ali só conhecia "aquilo", e hoje, estou com o amor da minha vida, uma pessoa que me enche o coração e a alma e temos um filhote lindo de 4 meses. Se poderia pedir mais, honestamente, NÃO!

Felicidades :)

Paty Michele disse...

Lembrei da minha separação. Foi bem assim, e deixou tão assim...
Sigamos em frente, Fane, boa sorte sempre!

Joana Silva disse...

Sou bastante novinha, pouco mais que a idade do teu primeiro desgosto. E, como tu tenho um namoro estávle de 3 anos com todas essas palavras. Mas, sei que irá dar certo.Porquê? Acho que essas coisas se sabem. E, também tive um namoro longo antes deste, que pensava o mesmo. Mas, olhando para trás, as diferenças estão à vista, eu é que não sabia ver. Acho que se olharmos bem, sabemos ver a nossa relação como ela é de verdade! No meu caso, esta minha relação foi muito melhor depois do desgosto, pois sei agora distinguir palavras verdadeiras, com meros piropos de engate!
Beijo

Joana Silva disse...

E outra Kitty, não para ti mas para comentários que aqui li. Não desvalorizem a relação dos outros porque a vossa falhou. Conheço "n" casais que namoram desde a adolescência e estão casados e felizes. Sim, outros tantos que não estão. Mas, isso tem a ver com as pessoas. Acho que há muita gente burrinha e não sabe ver quando são amadas ou não. Sujeitam-se a tudo e enganam-se a elas próprias. Fico muito feliz de viveres agora, um amor assim, e saberes dar valor a ti. Saberes ver que agora sim, tens o que mereces!

Ana disse...

Fico contente por saber que andas feliz e realizada no plano amoroso. Depois de muitas peripécias e fases menos boas espero que desfrutes deste amor verdadeiro.
(e eu não sei se acredite ou não, mas fico um pouco mais esperançada que o amor verdadeiro exista).
bjs

M.I. disse...

e como eu podia ter escrito tudo aquilo que tu escreveste sobre o teu primeiro amor?apesar de nao ter sido com uma amiga foi com uma total desconhecida e nem por isso doeu menos! os mesmos 3 anos, a mesma frase de "se um dia acabarmos é por vontade tua e nunca minha" a mesma entrega. podiam mesmo ser palavras minhas, mas são tuas. e é por estas e por outras coisas que acompanho o teu blog e hoje nao poderia não comentar!
Esse primeiro amor deixou marcas que hoje voltaram a emergir mas lá está temos de passar por elas pra chegar a esse outro patamar.concordo contigo quando dizes que vale a pena esperar porque um amor verdadeiro nunca poderia ser tão fácil!

SM disse...

Parece que essa historia se tem passado comigo, estou na fase de descobrir que há um mundo para alem dele. Mas ainda espero pelo real love tão arrebatador que dizem existir! Adorei o texto ;)

Tel/Fax: 217 269 188 - 961 47 31 58 Email: optipoc@gmail.com disse...

kitty, obrigado por partilhares a experiência. Eu também partilho a ideia que o "satisfaz" não é o mais honesto...e pelo menos a nós próprios não nos devemos enganar...mas olha que ultimamente..tenho vacilado...mas depois de ler o teu texto...ganho de novo esperança..no que possa aparecer ao virar da esquina

D disse...

Palavras sábias!
Que história linda. Tudo, realmente, acontece por alguma razão!
As maiores felicidades :)
Beijinho

Dani disse...

Gostei muito do texto, Kitty. Fez-me pensar...