segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Famílias a crédito

Há dias vi uma reportagem num dos noticiários que falava do endividamento das famílias da classe média/alta, ou seja, de pessoas com rendimentos acima da média. E os jornalistas falavam daquilo como se fosse um verdadeiro drama, um horror. É da crise, essa malvada. É dos bancos, esses monstros que dão com uma mão e tiram com a outra. Coitadinhas daquelas pessoas, com ordenados elevados e não tinham nem dinheiro para comer. Eu, confesso, já há muito que esperava isto. E, para dizer a verdade, não tenho pena nenhuma. Lamento. Sempre fui educada com o lema - gastar aquilo que se tem, nunca o que não se tem.

É que uma coisa é uma pessoa que, de um momento para o outro, fica desempregada. Pode acontecer a qualquer um. Agora pessoas que não sabem viver? Que querem ter aquilo que não podem? É o apartamento na Lapa, cuja renda não sabem como irão pagar. É a vivenda na Aroeira, cuja prestação mensal é quase o ordenado de um dos membros do casal. São os três filhos nos colégios. São as carrinhas BMW que ainda nem se começaram a pagar. São as férias pagas a crédito. São as compras pagas a crédito. É tudo pago a crédito.

23 comentários:

Caty disse...

Concordo plenamente!

Como costumo dizer... "cada um faz a cama em que se deita"!
E é de bradar ao céus ver determinadas coisas, aí é!! Mas que vamos fazer por essas pobres almas? "A culpa é dos bancos..." também é usual ouvir-se por aí... Não!A culpa é das pessoas que não se contêm, que têm de ter sempre mais que o vizinho do lado, mesmo que para isso se individem até às pontas dos cabelos... ambição? Não! Burrice pura!


E o pior?

Mesmo com esta situação continuo a ver pessoas exactamente com o mesmo sistema... coitados, se nem com os erros aprendem...

Boa semana!!

I. disse...

Pode parecer muito mauzinho da minha parte, mas agora é a minha vez de rir. Só gasto o que tenho, só devo ao banco pela casa - e é uma prestação que posso pagar - não tenho mais dívidas, e cartão de crédito só uso em idas ao estrangeiro, e pago o saldo a 100%. Não tenho um grande carro (e já tem 5 anos), não tenho tv de último modelo, mas vivo muito bem e não me falta o essencial.
Essa gente que gastou à tripa forra, mais do que ganha, esperava o quê?
Tenho pena é de quem perdeu o emprego, que ninguém merece essa aflição. Esses outros, bem feita e aprendam a fazer continhas de somar.

prada disse...

Inteiramente de acordo, tambem não tenho pena!
Eduquem estas crianças para não virem a ser tão infelizes como essa geração sem capacidade para se adaptar as vicissitudes da vida.
Bom post !!

Rubi disse...

Tenho exactamente a mesma opiniao, e ate ja escrevi sobre isso. Uma coisa e perder o emprego, e as vezes ate os dois membros do casal perdem ao mesmo tempo. Outra e viver com o que nao se tem, so porque se quer ter determinado nivel de vida. Nao tenho pena nenhuma. Baixem os cornos e aprendam a viver com o que tem!

Anônimo disse...

Dizem que houve tempos em que éramos a porta de entrada da Europa..do velho continente...orgulhosamente contemplando o futuro desde a escola do infante em Sagres ou do Cabo da Roca com os olhos virados a oeste. Hoje somos o "asshole". A província. Eu sou provinciano e orgulho-me disso. Sou do distrito de Castelo Branco. Sinto o desprezo por parte de Lisboa em relação ao interior. Conheço bem o mesmo desprezo das nações centro-europeias em relação a Portugal. Sou provinciano mas sei que sou. Nasci no centro da Europa e conheço… digamos..."a cidade". O provincianismo não se erradica em 20 anos com subsídios que a Metrópole dá. O Egoísmo e a ambição desmesurada entranhada no subconsciente de origem pobre e provinciana (sim, porque José Hermano Saraiva disse há pouco num programa dele que não havia Lisboetas e que todos os Lisboetas tinham origem nalgum canto deste lindo mas tão maltratado país) da minha gente desta nação portuguesa é a base do entrave a qualquer desenvolvimento e evolução enquanto seres HUMANOS…solidariedade não é comprar as merdas da popota e encher um saco com latas de atum barato embalagens de arroz um vez por ano. È um acto contínuo. Não tem preço, nem quantidade nem duração definida…
Bem já estou a divagar.
Olha, continuem a comprar muito a endividarem-se. Somos conhecidos por isso. É isso que hoje define um português lá fora.
Alguém há de pagar como diz o Medina Carreira naquele tom único. Engraçado ver como é que uma pessoa daquela idade ainda se preocupa e enerva tanto com os que cá andam…quando esses pelos vistos nunca estiveram tão bem…

Kit, não ponhas cá temas destes logo de manhã que me pões uma pilha de nervos em cima e eu em vez de estar a contribuir para o PIB ando aqui a com o cérebro ligado…com muito gosto :-)
beijo
sascha

Anônimo disse...

Exactamente... quem não tem dinheiro não tem vícios!!!
Não tenho peninha nenhuma... o politicamente correcto que defende que todos somos iguais, que todos temos direito ao bem bom, levou-nos a este estado de coisas. Esquecem-se que uns são mais iguais que outros...também fizeram mais por isso!!!
Quando o inútil que nunca fez nada na vida, que sempre andou em esquemas, que vive do rendimento mínimo, a quem DERAM uma casa, ainda brinca com isto tudo e compra PSP para os filhos e plasmas para si... está tudo dito!!!

P.S. Por favor, acabem com a maior desgraça do País, o politicamente correcto!!!
R

Sergei Kostov disse...

Creio que te referes mais a compras a descrédito. Sim, porque no resto já ninguém acredita...

Fuschia disse...

Concordo contigo. Há situações em que te questionas se as pessoas alguma vez pararam para fazer contas antes de se meterem em mais um crédito. Inclusivé, começo a achar que poderia ser interessante incluir no programa do secundário uma disciplina que ensinasse a gerir o orçamento familiar.

Anônimo disse...

Só gasto aquilo que tenho, mas infelizmente conheço muita gente que não segue o mesmo lema. Gente que se veste melhor do que eu, que vai passar férias ao Brasil, mas deixa as dívidas por pagar. E o pior diddo tudo? Arrastam para a falência os pequenos comerciantes com quem tinham negócios e que lhes vendiam a crédito. Conheço mesmo muitos casos assim! E o que acontece a essas pessoas? Nada! Declaram falência, passam tudo para nome da mulher ou dos filhos e continuam a levar a vida de ricos que levavam antes, sem remorsos e sem terem aprendido nada!

Goldfish disse...

Há uns 2 anos saiu numa revista de um dos jornais (provavelmente Público ou Expresso) uma reportagem sobre esses "pobres ricos" que mantêm os filhos no colégio, compram grandes carrões, vivem à grande e não têm o que comer - e por isso vão ao Banco Alimentar. E, cúmulo dos cúmulos, têm vergonha de ir ao BA mas não do que fazem para desperdiçar o (muito) dinheiro que ganham. Francamente, eu até acho mal o BA tirar comida da boca de quem precisa, realmente, para dar a estes.

Anônimo disse...

Estou tão de acordo contigo...

M disse...

Choca-me mais o facto de as pessoas, apesar de toda esta situação, não aprenderem nem com os erros deles, nem com os dos outros. Houve uma geração que foi apanhada entre 2 realidades. Primeiro, viveram os primeiros anos em contenção e sem acesso a grandes luxos. Não havia o cartão de crédito, e os bancos não emprestavam facilmente o dinheiro nem para comprar casa. Os pais construíam as casas em 20 ou 30 anos, férias só muito de vez em quando. De repente, tudo ficou mais fácil. Podiam comprar casa, carro, férias a prestações. Sempre que havia um imprevisto, havia mais um crédito fácil. Até que um dia deram-se conta que deles não tinham nada. Nem casa, nem carro, nem dinheiro. Havia gente que tinha tantos cartões de crédito e pagavam uns com os outros que nem sabiam ao certo quanto deviam a quem. Os bancos tiveram a sua parte de culpa, emprestaram a quem não tinha como pagar, mas a culpa maior sempre foi de quem se esqueceu que nada cai do céu, e a factura pode tardar mas chega. Há um episódio dos Simpsons que é um belo exemplo desta situação. O banco dizia sempre que podia pagar mais tarde, no futuro. E o Homer foi-se endividando, até que um dia o "futuro", o "mais tarde" chegou. E eles ficaram sem nada.

S* disse...

A minha mãezinha, que ganha pouco mais do salário mínimo, recusa pedir créditos para o que quer que seja. Casa e carro pagos. O resto são extravagâncias que só se compram quando se tem dinheiro.

Maria disse...

As pessoas querem sempre mostrar mais do que aquilo que podem.. E triste.

bjnho.

Anônimo disse...

Plenamente de acordo. Agora o que me choca mais é eu andar a contribuir para o Banco Alimentar, como faço sempre que há uma campanha, e depois vir a saber que estão a ajudar estas familias, provavelmente em detrimento de outras que podem estar a precisar muito mais. Eu sou contra todo o tipo de ajudas ao desbarato, acabem com os rendimentos minimos e os subsidios de desemprego sem qualquer tipo de contrapartida. Estamos sempre a queixarmo-nos, no verão, dos incêndios na matas públicas por falta de limpeza estas pessoas podiam perfeitamente tratar do assunto. E isto é só um exemplo de como podiamos aproveitar esta mão de obra que recebe salário e fica em casa!

Paula R.

abc disse...

É o que dá querer viver das aparências. Crédito para a aquisição da casa, concordo quando a taxa de esforço do casal não vai além dos 50%. O resto do rendimento deve ser distribuído pela alimentação, água, luz, gás e uma pequena percentagem para algum extravagância e o que sobrar para poupança.
Vejo muita gente que se queixa da falta de dinheiro, que a vida está difícil no entanto não largam os vícios, como tabaco, cinema, tvcabo, tlm's de ultima geração, carros de 1000cv's.
Sempre me ensinaram, "não há dinheiro não há vícios", " tens 100, gasta 50 e guarda 50".
A banca facilitou o crédito, mas se as pessoas não recorrerem junto destas instituições o crédito não nos vem parar a casa.
Hoje em dia vive-se muito da aparência, os filhos são habituados a ter tudo sem que para tal tenham que merecer de forma a darem real valor ao que querem e ao que precisam.
Acho que a sociedade tem de ser re-educada e voltar a criar um pé de meia, e adquirir aquilo que lhes é essencial e deixar de viver tanto além das suas capacidades.

bom bog, bons textos, é sempre bom parar aqui uns minutos e ler :)

Loira disse...

A minha tese de mestrado incidiu especificamente nesta problemática!

Infelizmente esta é uma realidade que tende a aumentar ao invés de diminuir!

Evidentemente que as principais responsáveis são sempre as famílias, no entanto, considero que as instituições de crédito têm também o seu coeficiente de culpa na medida em que muitas vezes não cumprem o seu dever de prestar a informação de forma clara e transparente, de modo a que os consumidores possam decidir de forma racional e sustentada.

Anônimo disse...

Concordo e assino em baixo.
É incrível a quantidade de gente que eu conheço e que sabe Deus como vive, preferem manter as aparências, invés de cortar nas despesas,querem ter os carros de alta cilindrada (como vejo aos montes por este Portugal), a casa de fim de semana, o colégio privado dos filhotes (e sei por experiência própria que há escolas privadas bem caras e que são péssimas), o iphone e o blackberry (hello a maior parte nem sabe bem para quê que aquilo serve, mas só porque o vizinho tem eles têm que ter ainda melhor)...
Resumindo e concluindo, enquanto o têm dinheiro gastam o que podem (e o que não podem) depois na reforma (e até antes) é o salve-se quem puder.

Anônimo disse...

Concordo plenamente! Não altero nem uma vírgula ao que escreveste!
Shymay

Confessions of a Shopaholic disse...

Concordo e muito cada vez há mais pessoas endividadas e não é só porque o país está em crise mas porque não sabem viver com o que têm, fazem vida de ricos quando não o são... eu cá tenho pavor a créditos, não tenho um único cartão de crédito é toma lá dá cá...

Anônimo disse...

Tenho mesmo muita peninha dessas pobres almas!!!!
Muita mesma...
Já borratei o rímel todo...

Ora se fossem era... Lá para aquele sitio sim!!!
Eu queria era vê-los a viver com o ordenado minimo nacional e com filhos para sustentar, casa para pagar, etc etc...

Esbanjadores e inconscientes isso sim...

' Claudjinha disse...

a isso chamam-se os "novos pobres". por fora, ofusca. se formos a ver os extractos bancários, são só dívidas! nada do que têm é realmente deles.

concordo com o lema: gasta o que tens, não o que não tens!

por isso é que o meu melhor amigo é o cartão de débito. podia activar o crédito, mas iria iniciar um ciclo vicioso desnecessário.

Eagle1 disse...

Afinal a Kitty tambem fala a sério sobre assuntos sérios. Gostei, e ainda bem que também segues o meu lema, afinal hoje em época de crise, quem consegue poupar e guardar, ganha x 2 e quem pede mais créditos terá em breve o seu nome na lista negra do Banco de Portugal.