segunda-feira, 27 de abril de 2009

Traições e afins


Eva Mendes

Eu posso dizer que nunca traí. E que não é coisa que, de facto, ache que um dia vá fazer. Mais do que o amor que se possa sentir, mais do que tudo, penso que é uma questão de respeito e carácter. Mas, como sempre o digo, nunca se sabe o dia de amanhã. Imaginem que assim do nada me aparecia o George Clooney à frente. Já se sabe que eu não responderia por mim nem pelos meus actos.

Neste momento, tenho plena consciência de que anda meio mundo a trair a outra metade. E não são só os homens. As mulheres também. Há empresas do meu conhecimento em que aquilo é o salve-se quem puder. Porque nisto de traições o que custa é a primeira. Depois da primeira vez com êxito, já é sempre a aviar. Mas, pronto, cada um sabe de si.

Mas nisto das traições há uma coisa que eu não percebo? Porque é que as pessoas contam aos seus parceiros? Isto falando de one night stands e afins, sem importância. Claro que se estamos a falar de repetida traição com a mesma pessoa que envolve outros sentimentos que não exclusivamente o do desejo momentâneo, é diferente. Agora casinhos de uma noite sem importância? Para quê? Eu se o fizesse não o contava. Ora se aquilo não teve qualquer importância, para quê chatear o outro com isso?

O meu primeiro namorado com quem eu tive uma relação para lá de longa, traíu-me. Eu acho que fez muito bem, porque eu era tão ingenuazinha e tão parvinha, que só abriria os olhos com uma traição em cima. E ele fez o favor de se enrolar com uma amiga dele. Coisita bonita de se ver, que me deixou com traumas durante largos anos. E o parvo, ao invés de estar bem caladinho, contou-me. Claro que eu andei para morrer. Já não bastava ter-me traído, ainda por cima com uma amiga que eu conhecia. Ao menos que tivesse sido com uma loira de mamas grandes e aspecto ordinário. É óbvio que levou logo um par de patins no dia seguinte.

Hoje em dia agradeço essa traição. Porque, se não fosse ela, provavelmente eu teria casado com essa pessoa e tornar-me-ia numa daquelas mulheres que se casaram sem conhecer mais homem nenhum, que nunca irão perceber se aquilo que têm é bom ou mau, que não sabem viver sem o parceiro, que não são independentes, que, simplesmente, não sabem viver sozinhas, desenrascar-se sozinhas (há por aí tantas, conheço imensas). E isso é coisa para me deixar assustada, muito assustada, e para me deixar agradecida por ter tido um dia um par de corninhos a enfeitar a minha linda testa.

52 comentários:

M disse...

É uma pena ter de admitir mas foi assim que me salvei! :-) Pronto, é uma exagero. Sempre fui uma menina desenrascada, mas também tenho noção que se me mantivesse com o primeiro namorado sério hoje não seria grande coisa. (Digamos que o moço parou no tempo, continua a viver com os pais e veste a roupinha que a mãe lhe compra. Já agora, tem 35 anos. rsrsrs)

O que eu tenho visto é que muitas mulheres que casaram com o primeiro namorado, ou aquilo deu tão certo que continuam unha e carne, ou já se separaram e elas viraram autênticas mulheres de armas, super desenrascadas, cheias de vontade de viver. Normalmente, uma traição tem o condão de abrir os olhos para as imensas possibilidades que a vida nos traz e para corrigirmos o nosso caminho. Também existe o oposto. Quando a confiança fica tão abalada que não conseguem voltar a confiar e fecham-se para o mundo.

Projecto de Blogger disse...

Minha senhora, (minha, salvo seja, mas passe a força de expressão),

Sigo o seu blog com uma fidelidade quasi-canina, porque gosto mesmo do que escreve, mesmo quando não gosto do que leio. Mas isso é outra conversa.

Adiante. Relativamente a este post em particular, não podia estar mais de acordo. No entanto, penso que desta vez, as palavras pecaram por serem poucas. E permita-me a veleidade de adicionar um pensamento adicional.

Todas as relações, por mais altruístas que pareçam, têm sempre uma parte egoísta. Passa por satisfazer o outro/outra, mas a nota de fundo, aquela que perdura, é que na realidade procuramos satisfazer-nos a nós próprios.

O desabafo da traição é o apogeu deste pensamento egoísta, que "eu fiz borrada e tenho de me confessar.". Errado! Todos temos os nossos momentos de fraquezas, sejam elas quais forem. Há erros que não dão para apagar, mas servem para evitar que no futuro se voltem a repetir. Quando assim o é e se de facto foi ou sente-se como um erro, a culpa, a responsabilidade é só do pecador. E com este deve ficar.

Respeitosamente.

PdB

Alix disse...

Concordo plenamente.
Era exactamente isto que eu estava a precisar de ouvir hoje. Juro que vou guardar este post para me relembrar da próxima vez que sentir a falta dele.

S. G. disse...

a isto chamo serviço público.

S* disse...

lol

Eu também tenho, desde há poucos mesinhos, uns belos enfeites na testa.

Uma pessoa fica logo mais esperta, mais alerta e atenta. :P

Agora não contar porque foi um casinho sem importancia? Tem SEMPRE importancia. Pelo menos para o cornudo!

Safrane Kalashnikov disse...

Vou-te ser muito sincero...

Um dia, traí…

PS: aprendi qualquer coisa; não quero voltar a repetir!

prada disse...

Ora bem , vou começar a dizer que ontem ao comprar a maquina nespresso pequenina e vermelhinha me lembrei de ti e porque seria???
Trair é mesmo muito feio e faz tanto mal.. que pode levar á destruição afectiva da nossa vida.
Devia ser crime!!Estou muito radical.

Eu sei tudo pode acontecer disse...

Mais nada!
Às vezes precisamos mesmo de um abanão para abrir os olhos, a partir desse momento já começamos a ver defeitos e a notar outras coisas que por vezes não queremos ver ou fingimos não ver.
Há quem fique “traumatizada” e quem siga a vida com cabeça bem erguida, mas há também que comece a ver mais coisas que a vida pode oferecer.

(adoro o teu blogue posso por um teu link no meu?)

Bjs!

JL disse...

Querida Kitty,

A traição, a infidelidade são claramente as facetas mais tristes da relação a dois.

Sem entrar em demasia nas motivações delas (acho que são ocorrências abstractamente tão erradas que se tornam impassíveis de serem justificadas com motivos), tenho que discordar no entanto da posição do caro Projecto de Blogger:

O acto de contrição que se faz ao confessar uma traição não é (na minha opinião) o vértice superior do egoísmo.

Deve haver, entre duas pessoas, lealdade. E essa lealdade passa por não manter a outra pessoa no desconhecimento de um elemento essencial no âmbito de uma relação.

É uma questão de expectativas. Se eu namoro com uma pessoa, com quem tenho uma determinada expectativa, que inclui a fidelidade, ser mantido no desconhecimento do facto de ela me ter sido infiel significa que estou a projectar a minha vida e as minhas expectativas com essa pessoa com base numa realidade que não existe.

Assim, acho que quem trai deve contar. Claro que sim. Só assim a outra pessoa sabe verdadeiramente com o que conta, e sabe o limite concreto das fraquezas da pessoa que tem a seu lado.

Só nesse momento poderá, em consciência, decidir se confia que essa pessoa será de futuro mais forte que as suas fraquezas, ou se, pelo contrário, a fidelidade é um bem sagrado que resulta irremediavelmente danificado desta traição.

Há que contar, sempre.

Kitty Fane disse...

JL, é por essas e por outras que eu sempre gostei tanto do menino. :-)

JL disse...

Minha querida Kitty,

Como se não soubesses já a minha posição sobre a (in)fidelidade...

A dificuldade deve estar sempre no assumir o compromisso com alguém. Uma vez assumido, e em consciência, deve ser cumprido.

Se se acha piada a outra pessoa, ao ponto de equacionar a traição, então é acabar tudo o que se tem primeiro e seguir os instintos depois.

A outra pessoa sai magoada na mesma, mas sai-se com paz de espírito, que é a única coisa que verdadeiramente conta.

Anônimo disse...

Por falar em cornos...Por acaso já leram o "Rol de Cornudos" do Camilo José Cela?
Pedro C.

Paula disse...

Eu tambem nunca traí.Porque é feio,porque nunca me apeteceu,por uma questão de respeito pelo outro.Acho que quem trai e conta é sobretudo para aliviar a própria consciência...
O problema é que dou comigo a trair em pensamento,ultimamente com mais frequência.E agora??

JL disse...

Trair em pensamento já merece uma reflexão.

Mas parece-me claro que a fronteira da traição é a efectiva comissão dos actos.

Eu nem em pensamentos traí (sim, sei que parece inacreditável).

Cate disse...

Apoiadíssimo!
Adoro o blog, parabéns.

Anônimo disse...

Imaginem que conhecem um homem super interessante, giro até à 5ª casa e com um corpo de provocar desejo até às pedras da calçada!.. 39 anos, no auge do charme! Ah, e que vos quer conhecer no sentido bíblico!...
Imaginem também que é casado há 10/12 anos e tem 1 ou 2 dois filhos!
Se ele deixar a mulher pela nova aventura pode ser que não dure nem 2 meses.. Há relações que só têm sentido no contexto de "affair light".
Nos namoros é mais fácil resolver as coisas: geralmente, acaba-se e vive-se a nova paixão.
Quando as pessoas se casam, passam a estar mais coisas em jogo, casa comprada em conjunto, filhos, etc,
que não faz sentido trocar por uma coisa fugaz..
Será que nestes casos é assim tão mau trair?
Já lá vai o tempo em que pensava que "jamais, em tempo algum" me enrolaria com um homem assim!
Pronto, podem apedrejar-me! LOL
M&M

BG disse...

Segundo um estudo que fizeram nos estados unidos, o que condena completamente uma relação é a mentira e não a própria traição. Ou seja, saber por outras vias da traição e não pela boca do traidor.
E eu revejo-me neste estudo. como alguém já disse, é sempre importante, principalmente se outros sabem e nós não.

B. disse...

Também eu aprendi e cresci por já ter sido traída. Vivi uma má relação em que a única coisa boa foi mesmo ajudar-me a saber o que quero e o que, definitivamente, não quero numa relação. E uma das coisas que abomino é a mentira. Por isso, jamais perdoaria uma triação quer fosse continuada, quer fosse momentânea, porque não tornaria nunca a confiar na pessoa. E prefiro saber...sinceramente,prefiro saber, do que andar a perder tempo. O que a ffiffas escreveu faz-me muito sentido. Mas também sei que cada um tem a sua forma muito própria de viver e de resolver as coisas.

Miss Sparkling disse...

A traição realmente é um acto de falta de respeito e carácter, eu acabei de sair de uma relação com uns anitos, por uma traição, traição essa que não foi a primeira, mas finalmente abri os meus olhos, e estou adorar estar sozinha, obrigada :)

JL disse...

Parecem-me as duas igualmente idóneas para, isoladamente, acabarem com qualquer relação.

Mas, se cada uma sozinha chega para acabar com tudo, imagine-se as duas juntas...

Microondas disse...

Bom post, também em discussão no Arrumadinho.

É óbvio que só existe uma motivação para se contar uma coisa dessas e não é nada nobre: o egoismo. As pessoas contam porque não conseguem carregar a culpa, logo preferem destruir o outro do que aguentar a culpa dos seus actos.

Contar uma traição não tem qualquer outro objectivo racional. Alguns dirão que só assim se reconstroi a relação. Bullshit. Se acham que a relação em reconstrução possível provando o vosso amor pelo fardo que decidem carregar sozinhos,em nome do mesmo. Se por outro lado chegaram à conclusão que a traição não vos permite continuar encerrem-na, sem que para isso seja necessário confrontar o outro com os vossos actos.

Só há a meu ver uma razão plausível para contar uma traição: no caso de, terminando uma relação em que errámos, verificamos que o outro não consegue, após um longo período, libertar-se da idealização que de nós tem. E mesmo assim penso que é mais fácil consegui-lo deixando bem evidente relacionamentos posteriores do que propriamente confrontar essa pessoa com as nossas falhas durante o período em que com ela estivemos.

Do outro lado ponho as pessoas que dizem que querem saber. Só quer saber quem nunca passou por isso ou quem vive ainda uma fase infantil de relacionamento amoroso com terceiros. Saber não tem utilidade nenhuma. O que nós queremos não é que nos contem. O que devemos querer é que falem connosco antes de isso acontecer, caso estejamos a contribuir para que isso seja possível, ou que terminem connosco caso sintam que não têm condições para serem fiéis connosco (isto se a fidelidade for para nós uma condição sinequanon, outro bom tema de reflexão).

ana disse...

Desculpem-me a assertavidade: Quem trái, mais do que falta de amor pelo traído, tem uma enorme falta de amor-próprio. Somos livres, e ser live é depender do que se gosta. Se não gostam, não têm que depender de uma relação rotineira ou que vos permite sentir desejo fora dela. Acordem. O que vos custa é a mudança, é o assumir que secalhar não têm certezas, que não há assim tanta vontade investir na relação. Mas ela durou tanto, e é deu tanto trabalho, e os pais e a família e o piriquito gostam do parceiro...Ora bolas que trabalheira acabar isto tudo por um caso fugaz(ou não)! POUPEM-ME! Viver uma mentira é a maior prova de falta de amor próprio, desrespeito, e pobreza de espírito! Posso acrescentar também que até à data, nunca trái. E se um dia o pensar em fazer, vou ter a certeza nesse momento que afinal...não gosto assim tanto do meu respectivo e que a relação em que estou...não é assim tão sólida!Nesse momento, penso (sim,nao me venham com o alcool..lol q essa é pra rir..) penso , penso, e decido em conformidade, para comigo e para com os intervenientes. A vida é curta, há que vivê-la sim, mas sabendo quem somos.
P.S.: É só a opinião de quem nunca traiu e de quem nunca foi traído, de quem assiste,acompanha e vive de perto com vidas mentirosas e traiçoeiras...enfim!

JL disse...

Caro Capitão Microondas,

E a pessoa que foi traída? Não tem direito a ter uma palavra no SE quer reconstruir ou manter uma relação com quem a traiu?

Deve pautar as suas decisões com base num engano sobre qualidades essenciais do seu parceiro, como seja a fidelidade? (partindo do príncipio que esta é, efectivamente condição sine qua non)

Pela sua teoria, quem trai, não conta, mas quer manter a relação é um monumento de altruísmo, que decidiu, sem querer saber da opinião da outra pessoa. Mas quem conta, e deixa ao critério da pessoa que foi traída se a relação deve ou não continuar é um egoísta, ou então alguém com uma visão pueril das relações.

Caro Capitão Microondas, parece-me justamente o contrário.

Quem trai perde o direito de decidir se a relação vale a pena manter ou não. Nesse direito está integralmente constituída a pessoa que foi traída. Só essa, sabendo da verdade, tem o direito de decidir se quer ou não continuar a relação.

Quem traiu pôs, em abstracto, a sua relação em cheque. Em algum momento foi-lhe indiferente se a pessoa lesada com a sua traição pactuaria com isso não. Fez e acabou. Depois de feito, a sua sugestão é que a pessoa que trai ainda se reserve o direito de decidir se o que tem é de manter ou não?

Nada infantil e extremamente altruísta, deixe-me que lhe diga...

Quanto ao cenário de, pós-traição, a pessoa que trai não querer manter a relação, ainda aí deve contar, por duas ordens de motivos:

1. A verdade é genericamente preferível à mentira; e
2. não me parece justo deixar a pessoa traída a pensar "o que fiz eu de mal?", quando o mal esteve do lado de quem traiu.

Trair, não contar e achar que se é altruísta por isso é a quadratura do círculo, o racionalizar dum erro irracional. É o ovo de Clombo que permite quem trai sentir-se melhor por não abrir o jogo.

Bafejada pelas Musas disse...

O ideal mesmo é não trair. Nem continuamente, nem one night stands nem nada. Se se está com alguém é porque se quer e se gosta. Apartir do momento em que apetece estar com outra pessoa, acaba-se com quem se está e vai se à conquista. Cristal clear.é que ninguém é obrigado a estar com ninguém portanto onde está a desculpa da traição?

****

Jade disse...

A traição é para mim uma coisa grave, sobretudo porque é desleal e uma falta de respeito. Mas às vezes, aprende-se com isso e faz todo o sentido o post. Acho que andar meio mundo a 'encornar' outro meio, muito mau. Mas o mais estranho, é conhecer sujeitos que não se importam de andar com uns valentes enfeites, assobiam para o lado e não aprendem nada com isso...por isso pergunto, o que levará alguém a ignorar sistemáticamente as traições? Ainda não obtive resposta que me convencesse!

GATA disse...

Nunca traí. Não sei se fui traída. Se fui, eles foram espertos e não me contaram... porque se me tivessem contado, eles tinham levado umas arranhadelas e um bilhete de ida para o Burkina-Fasso! :-)

Agora, com algumas honrosas excepções, conheço gente que anda com este e com aquela (sim, que actualmente vale tudo!) e -pior!- sem protecção!

Ah, e não me venham com a 'cantilena' de "não significou nada, porque eu gosto é de ti... foi apenas uma coisa física... blá blá blá"... Eu dou-lhe uma 'coisa física' chamada dentadas e arranhadelas! :-)

Anônimo disse...

gosto muito de ler este blog mas hoje fiquei meio confusa.

afinal, trair é falta de respeito e carácter mas, trainda, não o contar já não é?

e depois, a outra parte sabe, quem conta é parvo mas quem fica a saber até pode vir a ficar agradecido?

em que ficamos?

:)

Ana C. disse...

Adoro uma boa troca de ideias aqui nos comentários.
Acho que cada um fala por si. Mas eu prefiro mil vezes uma verdade dura a uma mentira piedosa.
Descobrir mais tarde que toda a gente sabia da minha cornadura, menos eu, é no mínimo a cereja em cima do bolo chamado humilhação.

Carrie, Miranda, Charlotte, Samantha disse...

sinceramente acho que hoje em dia perdeu-se toda a dignidade que havia... já ninguém tem respeito por ninguém.. nem pela pessoa com quem se partilha um sentimento.

nunca trai...
mas já fui traída.

faz-nos duvidar muito da palavra "amor"!


continua assim com o blog!

Beijos
http://desperatenonhousewives.blogspot.com/

BG disse...

capitão microonda, eu discordo totalmente... acho que infantil é ter medo da verdade, mesmo que ela doa.
Até porque, ao trair estamos a perder o valor da fidelidade numa relação. Ao não contar, perdemos o da lealdade.
Sem o primeiro é difícil a relação sobreviver, sem o segundo é impossível

Precis Almana disse...

Li os comentários na diagonal. A Kitty não falou nunca em mentir, falou em omitir (o que é bem diferente).
Depois, digo sempre que fidelidade é um termo feio, é coisa de cães. Lealdade é melhor... :-)

Eu acho que não somos monogâmicos por natureza. É uma coisa socialmente imposta.

Mas também acho que quando amamos muito e temos tudo o que queremos na outra pessoa, tendemos a nem querer "trair".

Agora, se queremos, se nos passa pela cabeça, etc., e se fazê-lo nos ajuda por vezes a manter o status quo (a vida que levamos, nem sempre fácil e agradável), sem pôr em causa o amor que sentimos pelo companheiro, sinceramente não me parece que seja um bicho de sete cabeças. É que partilhamos o quê? Fluídos? o que é isso comparado com uma vida inteira e rica com uma pessoa que está ao nosso lado? E se essa troca de fluídos nos fizer um bem terrível porque nos dá algum entusiasmo que nos falta no dia-a-dia, porque já não nos dizem com a mesma frequência o quão agradáveis somos, etc...?
E é como a Kitty diz: se não afecta a relação, porquê dizer? Porquê magoar o outro e dar-lhe insegurança sem necessidade?

Eu acho que não.

Já traí, já fui traída, e já andei com quem traía. Penso que conheço algo bem o universo da coisa para argumentar...

João Paulo Santos disse...

Cara Kitty deve-se contar a traição e ponto final.... esta é evidentemente a minha opinião.

Da mesma maneira que não traí (e até houve oportunidade continuada) não aceito a traição mas muito menos aceito o não saber que fui traído.

Há a teoria de que se foi uma coisa do momento não se deve contar para não causar dor na outra pessoa quando afinal está tudo bem... se houve traição algo não está bem... é de considerar também a hipótese de que um dia poder-se-á descobrir, é sempre muito forte esta hipótese, e as consequências serão (imagino eu) terríveis.

Não há para mim "coisa do momento" ou "não estava em mim" e o "não contei para não te magoar afinal foi uma coisa sem importância"

Há ainda o horrível cenário dos filhos, contar ou não contar para proteger e acima de tudo não magoar os filhos.
Tenho 2 filhas e continuo a achar que contar é a atitude correcta, poderia e conseguiria viver perfeitamente debaixo do mesmo tecto, pelo tempo adequado que fosse necessário, se assim fosse necessário e o melhor para elas.

E desculpa cara Kitty mesmo que o Clooney te aparecesse à frente não acredito que traísses, se não o fizeste até agora não vai ser o Clooney ou outro qualquer.

Microondas disse...

JL,

Compreendo o seu ponto de vista e concordo em parte com o figurino mas discordo em alguns pontos.

A vida tem-me ensinado que o ser feliz não passa necessariamente por sabermos toda a verdade do outro, sendo isso aliás um traço que nos marca na infância e fase juvenil, mas complicado na idade adulta. Obviamente este principio não se compadece com a manutenção de relações com traidores inveterados ou pessoas que vivem connosco vidas de fachada mas... dificilmente alguém dará indícios de tal coisa apenas no seu comportamento não confessado de traidor e não noutros aspectos do seu comportamento. O que acontece é que muitas vezes no calor do sentimento fechamos os olhos a outras provas incontornáveis da falta de carácter das pessoas ou simples falta de... condições para nos fazer feliz.

Se uma mulher que eu amasse decididamente me traisse, uma única vez, por motivos que dificilmente são, nas pessoas de bem (pq também as há, que traem), completamente alheios ao estado da relação e até ao comportamento do traido, eu preferia não saber, caso fosse um fogacho do momento e reafirmasse a vontade dessa mulher em ser feliz comigo.

Porque a minha felicidade num cenário desses, aliás a felicidade conjunta está acima do meu ego, o qual entraria certamente em jogo caso eu tivesse conhecimento do acto, aí sim seria mais dificil eu ter clarividência sobre o facto.

Existem casais muito mais felizes do que casais fieis para os quais a fidelidade não é sequer, condição de felicidade. Porquê? Porque a fidelidade e exclusividade é algo que nos é incutido como condição sine qua non de felicidade, mas que não nos vêm no código genético. É cultural, social e pessoal. Logo a reacção que temos à traição também o é. Bem expremido, a traição em si vale pouco, o que vale muito é a quebra de confiança.

Será que também queremos saber sempre que a pessoa que amamos tiver fantasias eróticas com terceiros? Será que também querermos saber sempre que essa pessoa tiver sonhos bem quentes com terceiros? Todas as meninas e meninos quererão saber sempre que o seu ou sua mais que tudo se masturbar pensando na vizinha, na amiga deles ou mesmo na amiga deles? Não me parece. Ou se o querem não sabem o que querem.

Isto partindo do princípio que os meninos e meninas que me lêem não partem do pressuposto pueril de que os seus amados ou amadas não pensam ou fazem estas coisas que acabei de referir.

Cheguevara disse...

É uma falta de respeito e de carácter. Se se gosta é fácil controlar esses impulsos que possam surgir. Nunca o fiz, e que eu saiba nunca aconteceu. Se se trai, é porque nao se gosta da outra pessoa. Quem gosta não magoa, e trair quer me parecer que deve ser a pior maneira de magoar alguem.

Anônimo disse...

Kitty, é simples...

Contam para aliviar a consciência. Por isso. Não há mais razão nenhuma, plausível, que justifique essa necessidade de contar ao outro.

È a 1ª vez que comento, mas gosto do seu blog.

Mariana

Andorinha disse...

Já traí (não me orgulho), já me trairam e n vezes. Qdo traí não contei pq achei que a estupidez não valia o que a outra pessoa ia sofrer. Qdo fui traída, umas vezes contaram-me, outras descobri eu. Vem a dar no mesmo. Não agradeço quem me traíu. Não acho correcto o ter traído.
Não sei se ganhei alguma coisa com ambas. Sinceramente não sei.Mas posso-te dar a certeza que durante uns tempos tive os valores morais trocados apenas por ter sido traída. Graças a Deus, levou-me tempo, mas recuperei-os.Prefiro que não me contem, mas tb não gosto de fazer figura de otária.Falei e não cheguei a conclusão nenhuma, mas sinceramente, o que eu prefiro é alguém que me respeite e que eu respeite. Se existe traição, deixa de fazer sentido a relação pq o respeito foi-se.

Anônimo disse...

Também me aconteceu o mesmo. O primeiro namorado que levei a sério e com quem estive alguns anos resolveu contar-me que me tinha traido com uma pessoa que eu também conhecia. Hoje consigo ver que foi isso que me fez crescer e tornar-me numa pessoa independente, que não precisa do namorado para respirar.
Também hoje digo que não posso garantir que não seria capaz de trair... nunca se sabe.
Sof

Anônimo disse...

A traição só prova que há uma falta de respeito com a outra pessoa. Se já não se gosta, mais vale dizer ao outro, em vez de se trair. Não consigo perceber qual é o gozo que se tem em trair seja em que circunstância for.Traição e mentira são comportamentos de pessoas sem valor. (But this is only my opinion!)

Blue Sky

rosemary disse...

Eu cá acho que o acto da traição só demonstra falta de carácter e de respeito pela pessoa com quem está. Não acredito na história de desejo momentâneo nem de locuras de uma noite... Quem é capaz de trair e depois conta, é cobarde e só o faz porque não é capaz de lidar com o sentimento de culpa. Mas quando a traição é repetida e há uma relação entre o traidor e a/o outra/o, nesse caso, deve contar tudo e decidir logo à partida com quem quer ficar. Mas muitas vezes o que acontece é contarem e mesmo assim mantêm à as duas relações... portanto, para mim, quem trai, seja por que motivo for: Bug Off!

Sabina disse...

É pena termos de sofrer um bocado para atingirmos tamanha lucidez.

Nirvana disse...

Para mim trair é trair e ponto final. O "traí mas até não queria, porque afinal tu é que és importante para mim", traduzam por favor, porque não entendo; "coisa de momento, não pensei"... ai pensou, pensou, só que não com a cabeça; "estava com os copos"...
Desculpem, mas PQOP... isso é conversa para adormecer tontinhas. Trair revela uma total falta de respeito, já não digo amor...e depois chegar ao pé da traída e dar-lhe beijos e abraços... falta de carácter também.
Já me traíram, mas nunca traí ninguém, nem com a desculpa do "já me fizeram a mim".
Quanto à querida, querida menina que decidiu aliviar-me do do meu ex, só não lhe ergo um altar porque não tenho onde. Mas agradeço-lhe do fundo do coração ter-me dado uma vida. Nunca, mas nunca me senti tão bem como agora.

Dive disse...

Triste de mim, que se traisse, ainda que por uma noite, não conseguiria ficar calado...Maldita consciència!

mimi disse...

Capitão Microondas, estou contigo :)

Anônimo disse...

é verdade que anda meio mundo a trair meio mundo. E fico parva com histórias de mulheres que conheço. Tens razão quando dizes que a primeira vez abre espaço para que se repita. Porque a partir desse momento passamos a ser outras pessoas, a não respeitar a pessoa que está conosco e os sentimentos e a relação que temos. Eu não traio porque sou fiel aos sentimentos que tenho, mesmo sem uma relação, se gosto de alguém, se me imagino com outra pessoa, nem consigo imaginar outro homem a tocar-me. Mas isso sou eu.

Maria, Às vezes! disse...

"Embora mintas bem, não te acredito;
Perpassa nos teus olhos desleais,
O gelo do teu peito de granito…

Mas finjo-me enganada, meu encanto,
QUE UM ENGANO FELIZ VALE BEM MAIS
QUE UM DESENGANO QUE NOS CUSTA
TANTO!" Florbela Espanca

Anônimo disse...

Li os comentários, não todos, porque são mais que muitos, mas alguns. E, atrás da minha anonimidade, conto-vos o que se passou comigo:
De algumas semanas para cá que nuns dias sinto-me uma Lady Chatterley e noutros uma adulterous bitch.
Sim, vivo com um homem há 6 anos. E sim, no início de Abril deste ano conheci outro homem, nas circunstâncias mais estranhas e mais normais que possam existir para se conhecer alguém. Não tocaram violinos, não houve um coup de foudre. Simplesmente aconteceu: conheci alguém, alguém com quem me identifiquei imediatamente, alguém que lia os mesmos livros que eu, que ouvia as mesmas canções. Não foi premeditado. Não foi calculado. Eu era feliz na minha relação e continuo a sê-lo.
Mas no momento em que conheci aquela pessoa, senti no mais fundo das minhas entranhas uma necessidade absurda e irracinal de a conhecer na sua intimidade.
E conheci-a. E passamos uma noite maravilhosa juntos, em que ouvimos música, falámos até às quinhentas, e sim, pelo meio aconteceu o sexo.
Se eu pretendo contar ao meu namorado? Não.
Se me sinto cupada? Não.
Se pretendo manter o contacto com a outra pessoa? Não.
Mas aconteceu. Foi a primeira vez e garanto-vos que há 10 anos atrás eu diria o mesmo que muitos aqui disseram: trair é horrível! Punha-lhe logo um par de patins! É trair a confiança! etc. e tal.
Não sei como vos explicar... fi-lo por mim, por egoísmo, porque merecia conhecer aquela pessoa. Porque não seria feliz se não o fizesse.
Desculpem o comentário tão longo, mas apeteceu-me abrir o meu coraçãozinho adúltero a meia dúzia de desconhecidos.

José Marau disse...

Este é um tema que já tenho abordado diversas vezes.. hoje não tenho tempo para ler estes comments; apenas queria dizer que tenho orgulho em dizer que nunca traí e nunca o farei, pois eu só concebo estar com alguém se gostar mesmo para valer.. e quando tal acontece é impossível.. impossível mesmo olhar para outra Mulher!

Anônimo disse...

Acho incrível dizeres isso. É por haver gente que pensa como tu que cada vez mais mulheres nas casa dos 60, que só dormiram com um homem toda a vida, têm diagnóstico de HIV. Por causa das one night stands dos maridos. Dessas que afirmas não terem importância. E que outras têm Cancro do colo do útero... Por causa da facadinha sem importância do namorado de há 20 anos atrás, que nem valia a pena contar. Sinceramente, é o tipo de opinião que devias guardar para ti. Estás a dar um mau exemplo; trata-se mesmo de um caso de saúde pública.

Laetitia disse...

Passei exactamente pelo mesmo e hoje sim posso dizer que até agradeço o que me aconteceu! Reflecti-me completa e absolutamente no post Kitty! Chuack

Educação inclusiva disse...

nao concordo nada com os one night stand. Se nao tem importancia para que os ter? e nao contar? pior ainda!
bjs

MC disse...

Eu não!
Mas curei-me!
Vale alguma coisa?

Anônimo disse...

Amar alguém acreditar que nos ama também. Aceitar a aventura de ter novamente um filho para que ele possa ser pai, acreditar que estamos em sintonia que temos os mesmos princípios e respeito. Desculpar todas as falhas e más palavras e agarrarmo-nos com unhas e dentes ás coisas boas que vivemos. Alterar tudo na vida por esta relação e... Um dia perceber que essa pessoa por libido, mantém contacto constante com aquela ex namorada com quem esteve durante anos, sempre com constantes separações, que lhe fez a vida num inferno. A tipa já se casou e tem filhos mas dá-lhe bola, não é por amor, é porque sabe que um dia ele ainda pode vir a dar jeito... agora não sei o que fazer á minha vida. Pior é sentir que só o quero a ele, mas não quero isto para mim e os meus filhos? Um é filho dele o outro sente-o como pai… estou mesmo perdida… sinto-me na corda bamba, a minha vontade é partir a louça toda, penso agarro nos miúdos e vou para casa dos meus pais. É tão má a opção e como é a única que tenho, só penso em acabar com o meu sofrimento e cansaço de uma forma mais definitiva, pelos meus filhos não o vou fazer, acho… já tentei falar com ele abertamente e ele simplesmente tenta fazer-me de parva diz que sou eu quem ele ama e quem escolheu para ter família, remata a conversa dando-me um toque de louca, e a saga continua.
Isto é que é traição! Nem sei se é física mas basta saber que a pessoa que amo põe em risco tudo para manter conversas e almoços para o flirt á ex namorada, sinto-me realmente traída desrespeitada. Tenho que sair deste beco sem saída se não dou em louca.
Desculpem-me o desabafo