Meryl Streep fotografada por Michael Thompson
Já o sentia antes, mas desde que adotei a Princesinha tenho-o sentido ainda mais - a capacidade de a generalidade das pessoas se porem no lugar do outro é mínima, mas a capacidade de as pessoas se porem no lugar de uma menina que sofreu abusos de vária espécie anos a fio é igual a zero. Já para não dizer que certas pessoas jamais em tempo algum veem um filho adotivo como um verdadeiro filho, mais ainda quando não é adotado em bebé.
Daí já não me espantar, apenas lamentar, quando pessoas me perguntam quando é que eu estou a pensar ter filhos (como se a Princesinha não fosse minha filha) estando a Princesinha, a minha filha, ao meu lado. Nem me espantar, apenas entristecer, quando as pessoas não entendem que os traumas, as cicatrizes interiores, os medos resultantes de todos esses abusos não desaparecem, como que por magia e de um momento para o outro, quando essa criança ou adolescente passa a ter uma família estruturada, achando que qualquer crise é apenas um capricho ou um ataque de mimos. Uma tristeza, é só o que vos digo.
domingo, 23 de junho de 2013
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14 comentários:
Costumamos ouvir que as crianças são cruéis, mas muitas vezes são os adultos que do alto da sua insensibilidade magoam as crianças.
Num outro cenário, temos uma situação onde vemos isso: a minha irmã tem 2 meninas, uma já tem 10 anos e a outra 18 meses. Resultado: a mais velha perdeu todo o protagonismo; só gabam a pequenita, comparam-nas porque a mais velha é sossegada e a outra mais mexida, a avó chegou a "ameaçar" que passava só a gostar da bébé se a mais velha não lhe desse um beijinho, numa ocasião. Coisas parvas assim.
as pessoas não medem o que dizem, ou simplesmente não têm sensibilidade e caco na cabeça... o mundo está perdido
A maioria das pessoas não pensa sequer, antes de falar. E infelizmente, a maioria também acha sempre que tem algo de muito inteligente a dizer sobre tudo. Eu, que tenho um problema de saúde que, até ao momento, me impediu de engravidar, além de me levar à mesa de operações de dois em dois anos, chego a ouvir que estou velha para ter filhos...
Lamento muito que essa insensibilidade irreflectida afecte a vossa Princesinha a quem desejo, do fundo do coração, uma vida cheia de sorrisos - e que junto de uns pais verdadeiramente maravilhosos como acredito que vocês são, tem tudo para ser feliz.
A generalidade das pessoas consegue ter comportamentos piores do que os animais selvagens. Não consigo perceber essa falta de sensibilidade, mais do que isso, sou incapaz de compreender como é que alguém é capaz de não considerar a Princesinha sua filha. A forma como fala dela é absolutamente encantadora e até eu, que só leio o blog e não vos conheço consigo perceber que não há amor mais verdadeiro do que o vosso. Esse tipo de comentários maldosos, infelizmente, são cada vez mais comuns e ninguém devia ter que ouvi-los. Na semana passada ouvi uma senhora contar várias histórias de pessoas que tinham morrido com cancro e um amigo meu que está a fazer tratamentos de quimioterapia. Enfim, há casos em que um par de estalos era bem dado.
Vivemos numa era em que a maioria das pessoas são insensíveis e desagradáveis, na maioria das vezes falam sem sequer pensar uma única vez no ato que poderão estar a cometer e é realmente triste... Mas acredita que também grande número dessas pessoas insensíveis não está de bem com a vida, poderá ter tudo mas sente-se insatisfeita porque falta sempre o que essencial como o amor.
Pouco te conheço de ler no blog, mas pareces-me uma pessoa realizada com problemas comuns, se sentes necessidade de ter um filho biológico? Talvez. Mas isso nunca roubaria o amor e dedicação que tens pela tua Princesinha!
Tudo de bom e mil beijinhos para as duas! :)
Eu tenho 3 filhos e estamos a tentar iniciar um processo de adopção. Digo estamos a tentar porque o meu filho mais velho não esta muito de acordo. Não é por falta de sensibilidade, mas por falta de maturidade. Não entendo o preconceito das pessoas em relação a adopção. Eu acho que é ouro e simplesmente egoísmo. As pessoas não querem sair da sua zona de conforto e fazer o bem só por fazer... Admiro imenso as famílias de acolhimento, é um verdadeiro acto de altruísmo.
são pessoas de cabeça pequenina essas! =(
Que sorte a princesinha ter encontrado uma mãe assim :)
Perguntarem-te isso na frente dela não é falta de empatia, é simplesmente um desrespeito e total estupidez. Gostava de ouvir a resposta depois de um "Não está a ver a minha filha aqui?".
Quanto ao resto, só deus sabe como odeio birras de canalha e mimo excessivo. Só deus sabe como me perturba ver pais totalmente condescendentes com tudo o que os filhos fazem e como me custa calar-me ao ver determinadas cenas. Mas nesse caso, num caso em que toda a gente conhecida saberá o que a tua menina passou, calem é a boca!
Raínha Mãe, também nós desejávamos adoptar depois de os nossos dois filhos biológico nascerem. Mas como o mais velho foi diagnosticado com Síndrome de Asperger, apesar de não se mostrar contra a adopção, não arriscámos.
Pareceu-nos injusto poder fazer menos bem ao nosso filho (em geral os Aspies reagem mal a mudanças) para fazer o bem a outra criança. Depois não seria bom para ninguém... Agora o António tem 16 anos, está fantástico, e a hipótese de adoptar começa a sorrir de novo...
Que tudo vos corra bem!
a pequenez das pessoas é uma coisa que me incomoda e isso, no fundo, é ser-se pequeno. parabéns pela vossa atitude, a vossa princesa teve muita sorte!
Suponho que a única coisa que podes fazer é explicar à tua menina que neste mundo há muita gente muito boa e muita gente muito tonta. E que sim, ela não saiu do teu útero mas vive no teu coração.
É uma tristeza, a insensibilidade das pessoas. Tenho uma amiga que adoptou um menino africano, já com 8 anos. A própria família reagiu mal. Como é possível? Tenho por ela a maior admiração.
Há muita gente insensível ou pior.
Ás vezes eu também sou insensível... ou pior.
Mas tenho uma imensa admiração por pessoas como tu.
Para ti e para a tua Princesinha,
Muito boa sorte!
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