domingo, 27 de maio de 2012

Por gostarmos do amarelo não podemos exigir que todos gostem do amarelo

Com as últimas mortes de figuras públicas portuguesas, sobretudo a do Miguel Portas e a do Sasseti, criou-se pela blogosfera fora uma corrente de indignados (mais concretamente de indignadas, uma vez que só vi mulheres a escreverem sobre o assunto) que criticam todos os que escrevem sobre estas mortes e as lamentam quase como se privassem com as pessoas que partem. Que isto é de gente doida. Quem é que esta gente pensa que é para escrever assim? Que quando as pessoas partem já não nos pertencem e não devemos andar para aí a chorar estas mortes como se fossem nossas.

Eu confesso que acho isto tudo patético, e pergunto - qual é o problema de escrever sobre isso? Desde que se saiba respeitar a fronteira entre o que é pessoal e o que é público, e desde que haja sempre respeito pela dor dos amigos e familiares do que morre, não estou a perceber qual é o problema das manifestações de carinho e homenagens por parte dos admiradores do trabalho da figura pública que morre. Para além disso, acredito que a família até goste de ver o seu ente querido recordado e acarinhado pelas pessoas. Triste seria ver partir alguém que amamos e ninguém a chorar a sua morte.

8 comentários:

Rita P Faleiro disse...

Completamente de acordo, Kitty. Eu pessoalmente não escrevi (e se escrevesse, seria sobre Sasseti), mas daí a criticar quem quer que tenha escrito... vai um grande passo.

E sim, acredito que os entes queridos gostem de os saber tão acarinhados e estimados por tantos.

***

Rita

Miss Pippa disse...

Também li e também não percebi a indignação.
Até porque ser figura pública é isso mesmo: é ser um bocadinho "nosso".
Assim como tu, penso que triste seria alguém morrer e ninguém o lamentar.

A. disse...

Acho que estes textos a que te referes - e que eu pessoalmente subscrevo - não pretendem criticar que se lamente a morte de alguém, mas que se o faça de uma forma que, por vezes, roça mais o exibicionismo do que realmente tristeza sentida. Eu tenho algum pudor em fazer certas manifestaçoes exactamente por isso, porque é muito fácil passar a fronteira entre a singela e sóbria homenagem para a berrante exibição de apreço, que visa mais favorecer o próprio que o morto.

E pessoalmente, embora a minha mãe não fosse figura pública, posso dizer que quando pessoas que eu não conhecia de lado nenhum e nunca tinha visto mais gordas - sinal de que provavelmente não viam a minha mãe há 25 anos - me vinham dizer "que eram muito amigas", me dava uma grande vontade de as mandar para o carvalho.

Mary disse...

Muito sinceramente, não sei o que será pior: chorar a morte de alguém que não se conhecia pessoalmente mas que, por algum motivo, tinha um papel social visível, ou zelar obsessivamente pela privacidade de pessoas que não se conhece de lado nenhum.

Eu cá estou contigo: acho a segunda hipótese mil vezes pior. Assustadora, mesmo.

Catherine Sellas disse...

Vi três posts sobre esse tema, e devo dizer que um deles me chocou imenso do princípio ao fim, tudo o que vi escrito me pareceu querer polémica à força, quanto aos outros dois, embora discorde do que foi escrito, compreendi o ponto de vista das autoras.

Quanto ao tema em si, apesar de ser um tema sensível, concordo que desde que se respeite a dor dos familiares e amigos, se façam homenagens. Afinal de contas eles não são da nossa família nem são nossos amigos, mas é quase como se fossem.

amiga da onça disse...

O Português tem o costume de tomar as dores do alheio. Ás vezes com as dores lá de casa não se preocupam.
Gostam de dar uma de preocupados com o próximo, beneméritos, bom ser humano, mas por vezes na intimidade essa pessoas são as piores.
Ficam alheios á dor da sua própria familia.

Green disse...

Concordo plenamente contigo.

Random Blogger disse...

concordo plenamente contigo, no entanto haverá sempre aqueles que são do contra só porque sim. Eu diria porque são parvos/as. Mas isso sou eu...