domingo, 15 de maio de 2011

Das bloggers que eu adoro ou de como há palavras que poderiam ser minhas

Quando leio o blogue da Sofia, sinto sempre que todos aqueles posts poderiam ter sido escritos por mim. Porque é exactamente assim a minha vida desde que estou com a Princesinha. Porque sinto exactamente o mesmo que ela. Porque as nossas Princesinhas são muito parecidas em tudo. Demasiado, até. Este post foi mais um.


(...)

As pessoas querem sentir-se informadas e a verdade é que a informação que lhes chega o tempo quase todo é que é tudo lindo e maravilhoso. Claro que as pessoas sabem que não pode ser sempre assim. Mas a verdade, pura e simples, é que apesar de vivermos tantos momentos complicados, os momentos felizes são mais importantes e é por isso que só apetece falar deles.

Mas o que podemos dizer acerca dos outros momentos, o que posso dizer, é que nenhum dia é igual. Cada dia que nasce é completamente diferente do anterior. Nunca há rotina que resista. Cada dia é um conjunto enorme de experiências, de momentos bons e de momentos menos bons. É raro o dia em que tudo corre bem (muito raro mesmo!) e é raro o dia em que tudo corre mal (ainda mais raro!) É uma mistura confusa de momentos, porque num minuto a nossa menina está bem, em paz e feliz, e no minuto seguinte pode ver-se confrontada com alguma coisa que a relembre do passado, que a assuste ou que a deixe nervosa.
Acordamos e sabemos que, até nos deitarmos, terá sido um dia cheio. Cheio de provações e de momentos mais felizes.

Então mas o que é que é mais difícil, diz lá em vez de estares só às voltas?

O mais difícil é um grande conjunto de coisas e de momentos: os medos que a nossa menina tem do mundo, das pessoas, dos sítios... Por exemplo, certifica-se que vai perto de nós na rua cerca de cinquenta vezes literalmente, para ter a certeza que não se perdeu de nós. As inseguranças dela face a cumprimentar pessoas que não eu (simplesmente não as cumprimenta), as fugas (antes para a rua em frente da nossa casa, para estar sozinha, agora fugas para o quarto) as tristezas (que ela acumula e mete para dentro, mete e mete, até não as conseguir aguentar mais), as palavras mal entendidas que dizemos e que a ela a afectam imenso a ponto de ficar a tremer o queixo e com o olhar vermelho, o isolamento (que ela adora e sem o qual não consegue viver: estas crianças precisam de um grande grau de isolamento, para poderem sentir-se seguras e expressarem sentimentos-resmungarem sozinhas, chorarem, baterem os pés, cantarem baixinho), a mágoa (quando vê alguma coisa que lhe lembra o passado). Acho que esta última é o que mais acontece.
Vamos ao supermercado fazer as compras e há um objecto qualquer que a lembra do passado, um livro com uma palavra na capa que lhe lembra o passado, uma pessoa que se cruza connosco e que é parecida com alguém do passado dela.


Isto chega para ela de repente ficar calada, caminhar de cabeça virada para o chão, com o ar mais triste do mundo e nada a alegrar. É escusado fazermos perguntas, é escusado estarmos a sugerir coisas divertidas como ir aqui e ali, é escusado estarmos a tentar animá-la.


A única coisa no mundo que resulta é darmos-lhe a mão, ou caminharmos perto dela e continuarmos em silêncio. Ela perceberá que a compreendemos e que a respeitamos. E que estamos ali para ela.


Depois é esperar para que, em zona segura (fora do olhar do mundo) ela deixe sair a tristeza dela. E estas crianças são peritas nisto: esperam o tempo que for necessário, até estarem sozinhas ou com alguém em quem confiam.


Assim, depois de todas as compras feitas, por exemplo, ela espera calmamente que cheguemos ao carro. No carro, espera ainda que arranquemos e que se ligue o rádio. Só depois deixa cair uma lágrima ou encosta a cabeça ao vidro e olha para o mundo lá fora com um olhar pesado.
Este é o lado mais difícil. É o lado que custa mais (custa porque queremos que tudo corra bem e tudo seja maravilhoso para a nossa menina) e é o lado que custa mais transmitir, porque é também o lado que nos desgasta mais o coração.

Sei que adoptar uma menina com nenhum trauma deve ser maravilhoso. Mas eu não trocava de situação. Apesar de todas as dificuldades, eu sei que nunca quererei que seja de outra forma. É difícil? É. Mas é mágico, é inimaginável, é tudo o que de melhor há no mundo. Recebo tanto amor dela como nunca recebi de ninguém e isso faz-me sempre sentir que trazê-la para a minha vida, foi o que de melhor e maior fiz na minha vida. Quase, no limite, a única coisa grande e nobre de que me orgulho. E mais sincera do que isto, é impossível.

Sofia, no seu blogue Mãe Adoptiva

3 comentários:

Destination disse...

Felicito a grande nobreza e amor de mães como vocês que fazem renascer estas pequenas vidas e as trazem de novo ao mundo!

Juanna disse...

Muito bem, Kitty e todas as mulheres que adoptam. Mas há uma coisa que não entendo, que é como conseguiram vocês. Digo isto porque o meu irmão mais velho entrou com um processo de adopção e ao fim de 2 anos, fartos de burocracia e assistentes sociais, desistiram. Dois anos para adoptar, é injusto!

Safran Maison disse...

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Perdao pela ausencia de acentuacao e da cedilha - o teclado e Ingles :)