terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Alguém quer alguma desgraça para a troca ou de como fazer do blogue uma terapia

Diane Kruger

Ultimamente, e de cirurgia marcada para a próxima semana (e sem tempo ou disponibilidade mental para pensar nela, falar nela, dormir com ela, acho que só no próprio dia o farei), antes de adormecer, olho sempre um pouco para o tecto (ou será teto?, um dia destes vou mesmo começar a escrever de acordo com o novo acordo ortográfico) e pergunto para os meus botões - porque é que acontece tanta coisa má na minha/nossa vida? A sério. Porque é que eu não posso ter uma vidinha como a da maior parte das pessoas, sem grande fogos de artifício, mas, ao mesmo tempo, sem grandes sobressaltos? Eu sei que o que está na moda é gritar felicidade para todo o mundo. É só pensar nas coisas boas da vida. É ser sempre positivo. Só Deus sabe o quanto eu tenho sido positiva nos últimos tempos, apesar de todas as contrariedades. É gritar as palavras amor, alegria, felicidade, blá, blá, blá. É pensar que temos de pensar sempre que há vidas piores do que as nossas. E há. Mas hoje só me apetece pensar nas melhores. É não ousar sequer lamentarmo-nos, mesmo quando estão em jogo problemas de facto graves, mesmo que aconteçam dramas atrás de dramas, e que por muito que nos esforcemos as coisas nunca dêem certo (acontecem sempre imprevistos vindos do nada, como se alguém se pusesse sempre no nosso caminho a impedir e a dificultar).

Eu sei que o que está na moda é isso, mas hoje apetece-me lamentar um pouco, posso?,  e perguntar vezes sem conta - Porquê?

Mas depois olho para a vidinha dessas tais pessoas, sempre tudo tão tranquilo, sempre tudo tão perfeitinho, sempre tudo tão, tão... entediante, e penso imediatamente que não trocava a minha vida por nada. Não trocava a minha vida nem os meus amores que fazem parte dela por nada. Só uma parte dela - as desgraças. Essas trocava-as tal como se de cromos de caderneta se tratassem. Sobretudo as repetidas.