sábado, 28 de agosto de 2010

Tudo me lembra ela


Abigail Breslin e Catherine Zeta-Jones em “No Reservations”

Estou aqui a escrever e olho à minha volta e tudo me lembra ela. O sofá onde ela pedia colinho. Eu sentava-me e punha uma almofada por cima das pernas e ela deitava lá a cabeça. A vela que decorou à sua maneira e me ofereceu no último dia. As cartas que estão aqui ao meu lado empilhadas e que eu leio diariamente. Os seus desenhos sempre perfeitos. O blogue dela no qual deixou posts agendados diariamente só para mim. E tudo. Tudo me lembra ela. Possivelmente não vou voltar ao Chiado tão depressa porque me lembra ela. Nem ao "À margem" onde passámos tanta tarde a ver o rio. Há uma série de sítios aos quais não quero voltar nos próximos tempos porque me lembram ela e neste momento ainda não estou preparada para isso...

Como se não bastasse isto tudo, tenho a caixa do telemóvel cheia de mensagens dela. - Acabou de chegar às duas mil mensagens - disse-me ela num dos últimos dias em que falámos. Ela tinha uma pasta com o nome de "Mãe", onde guardava todas as mensagens que eu lhe enviava, todas, até aquelas onde se podia ler apenas um "até já". O telemóvel que estava sempre a tocar com as suas mensagens entrou num silêncio profundo e doloroso.

Acho que ontem a perdi para sempre.