domingo, 18 de julho de 2010

Ainda num estilo semi-depressivo # 2


Tree of Hope, Remain Strong, de Frida Kahlo (1946)

Quando é connosco é horrível. Porque por muito acompanhados que estejamos, por muito amor e carinho que tenhamos à volta, sentimo-nos sempre inacreditavelmente sós. É uma solidão estranha. É que por muito que aos outros custe aquilo que estamos a passar, por muito que sofram, somos nós que acordamos com o peso das mazelas em cima, somos nós que estamos numa sala de operações, somos nós que estamos na cama de hospital cheios de dores, somos nós que sentimos a angústia da espera do resultado de um exame nosso, enquanto os outros voltam às suas vidas.

Mas, ultimamente, tenho sentido mais de perto o outro lado. Que também não é nada fácil. Horrível, para dizer a verdade. Primeiro foi com o meu irmão. Andava todos os dias com o coração nas mãos. Felizmente, está a recuperar e a viver um dia de cada vez. Agora é com o meu amor. Aliás, ainda ontem disse, se eu sobrevivi à carrada de sustos que apanhei na última semana, já sobrevivo a tudo. Ontem foi mais um. Daqueles que me deixam a sufocar e a tremer durante horas. Nunca mais acaba este pesadelo, caramba. Mas tenho esperança. Muita. Cada vez mais. Ele é tão forte, tão forte. Adoro isso nele.

15 comentários:

My Blueberry Nights disse...

De facto só passando é que se compreende.. tudo parece + leve visto de fora.. são cicatrizes que nunca desaparecem, mas que se atenuam com o tempo.

Inês disse...

Por muita ajuda que os outros nos dêem o "fardo" acaba sempre por estar em cima dos nossos ombros.Tal como o temos que carregar,temos também que mostrar o nosso lado forte,por mais que isso nos custe e nos doa.
Pelo menos eu sou assim.

Mary Jane disse...

Quando fui operada pela primeira vez tinha 3 anos. Uma operação "simples" às amígdalas. Não me lembro de muito. A minha mãe conta que na recuperação fui uma piegas, tanto que me recusava a engolir e cuspia tudo. Bastou uma reunião privada com o médico ("Se não bebes agora este copo de àgua, ficas no hospital e não vais para casa."), para o assunto ficar resolvia tudo. A minha primeira operação a sério aconteceu aos 15 anos. Aos dois joelhos. "Um de cada vez ou os dois de uma vez?". Os dois de uma vez. Se a operação me custasse muito, e se fosse um de cada vez, eu sabia que ia ser resistente em relação ao segundo. Então, por mais que o médico me avisasse que a recuperação era mais difícil cumpriu-se a minha vontade e fui operada aos dois joelhos de uma só vez. Fui para o hospital cheia de força, muito descontraída (afinal não era um caso tão grave como os que pareces descrever) como se fosse para um hotel. Cheguei lá e chorei. Caí em mim. Chorei muito na recuperação. Um mês de cama e depois voltar a aprender a andar. Só melhorei o meu estado de espírito quando depois de muita insistência me levaram para a escola. Nos primeiros tempos ainda ao colo. Com uma secretária só para mim. Uma cadeira para sentar outra só para pousar as pernas. Os mimos dos colegas preencheram-me. Voltei a ser feliz! Entretanto há 4 anos vi a minha mãe fazer frente a um cancro de mama, forte como ninguém e tive muitas vezes que suportar essa força. Não havia ninguém triste cá em casa. Havia gente a fazê-la rir à gargalhada, quando estava prestes a chorar ao experimentar a primeira peruca. Havia gente a dizer-lhe que era uma grande sortuda, quando o cacifo dela no hospital era o 313. Tudo correu bem. Força!

Blue Shirt Girl disse...

A melhor sorte do mundo para ti =) e tens de ter sempre essa esperança .

http://girl-withblueshirt.blogspot.com/

Precis Almana disse...

Na minha opinião, é muito difícil comparar dores e dizer que fulano sofre mais que beltrano. Cada um sente como sente e é difícil dizer se está a sofrer mais do que a pessoa que está ao lado, é relativo a cada um. Sofrer é mau, seja em que situação for.
E espero que essa situação passe depressa, nós aqui sofremos um bocadinho contigo todos os dias...

Inês disse...

Eu caí aqui de páraquedas,mas há que acreditar que tudo vai correr bem!!!!

p* disse...

Quando é connosco é horrível?? Confesso que não é agradável. Mas deve ser muito (imensamente) pior quando estamos do outro lado. Nem quero imaginar. Só estive de um, não me imagino do outro. Nem quero nunca!!
Muita força!
(estive a ler os outros comentários e parece que a maioria concorda contigo...as pessoas são mesmo todas diferentes)

rosaamarela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rosaamarela disse...

Ora vamos lá dar um pouchão de orelhas à nossa amiga.

Trabalho numa grande empresa e quase todos são meus amigos devido ao lugar que ocupo, Tb tenho mts primos, mas sózinho esta-se sempre !!!

...já tive um linfoma, mãe solteira filha de 6 anos,fiz uma fuga para a frente, pura e simplesmente não aceitei a doença, nunca faltei ao trabalho, tinha a filha numa escola particular sentia-me mais segura para o que viesse a seguir, no dia dos tratamentos antes de ir trabalhar ia dar-lhe um beijo e um forte abraço, para "bisbilhotar" os resultados dos exames entrava na igreja mais próxima e não sou própriamente crente.

Quando já estava a recuperar, a minha filha tinha 16 (os primeiros namoricos, ai primeiros namoricos...) tomou uns comprimidos e este 5 dias nos CUIDADOS INTENSIVOS, foi duro, tiveram que a amarrar,os gritos com os médicos, as ameaças de fugir, os palavrões,os psicólogos, a pressão, as mães têm sempre a culpa...

Sós estamos sempre, mas sobrevivemos quase sempre!!!

(suponho que já viste a nossa foto no face e sabes do que estou falar)


ABRAÇO!!!!!!!!!

★ A Rapariga disse...

Resta-me desejar que tudo corra bem.

Bjs

prada disse...

Como bem dizes, foi uma semana negra e aí estás!Temos forças imensas vindas não sabemos de onde, que se apresentam quando são necessárias.
É tudo muito recente, mantem-te forte e com fé,que o pesadelo há-de terminar para realizares o sonho
a que tens direito.

Unknown disse...

Kitty Fane. Desculpa se me repito mas pensa que tudo acaba. Bem ou mal, esperemos que bem.
Mas tudo acaba.
E na altura é um alívio tremendo.

Helena Barreta disse...

Quando, deitada na cama do hospital, as pessoas que me querem muito, saíam, sentia-me tão triste e tão abandonada que me perguntava: "o que é que estou aqui a fazer? Tenho que sair daqui".

Agora, infelizmente, estou do lado da dor emocional, da dor de não ter coração, da dor de peito a sangrar, da dor de saber o que há de mais doloroso de se saber daqueles que amamos: sabemos que a pessoa que mais se ama no mundo, porque é filho, neto, sobrinho, irmão, primo, pai e marido, pode não ter o tempo que todos pensávamos ter até há 4 meses atrás. Por isso vos digo, vivam a vida sem azedume, sem falsidades e futilidades. Vivam a vida na boa e com muitos afectos.

Fico contente que o seu irmão e o seu amor estejam a melhorar.

Beijinhos

Mafi disse...

Os momentos muito dolorosos tornam-nos diferentes e marcam-nos para sempre. Espero que tenha sempre sempre força, daquela que não sabemos de onde vem, para (1) acreditar; (2) manter a esperança, (3) apoiar quem precisa de ser apoiado e (4) continuar a lutar! Força

Marisa Gonçalves disse...

Olá Kitty,

As dificuldades da vida são etapas que servem para nos tornar mais fortes. Com esperança e apoio tudo irá correr pelo melhor...
Espero que tudo melhore. E vive um dia de cada vez. Muita força!

Beijinhos