Da autoria da Andreia
Enquanto caminho pela estreita rua abaixo reparo num casal abraçado, parecem tremendamente apaixonados, e de relance oiço duas simples palavras que me causam arrepios: amo-te.
Afinal o que é isto? O que é o amor? Esse lugar estranho que nos custa tanto alcançar?
Tão imperfeito e perfeito nas imperfeições, genuíno por vezes, muitas vezes simulado para ambas as partes beneficiarem de um pouco de afecto por míseros momentos.
Mas voltando ao tema central, o amor e a sua estranheza. Para mim esta reside na dificuldade em que temos em identificá-lo, na busca incessante que todos partilhamos, ainda que alguns inconscientemente, na necessidade de sentir os lábios daquela pessoa que tanto desejamos nos nossos, a nossa pele a arrepiar-se com o toque da sua mão, os olhos que tentamos alcançar e que quando se fixam nos nossos nos levam a um êxtase profundo, uma necessidade descontrolada de tocar, percorrer, conhecer, amar essa pessoa que se apresenta perante nós.
Admira-me a forma como as histórias de amor que mais recordo e mais me marcaram são inusuais como a de Catherine e Heathcliff de “O monte dos vendavais”, um amor profundo, paradoxo, inusual, proibido, uma necessidade de se encontrarem, de proximidade, e a impossibilidade da mesma por não conseguirem coexistir no mesmo espaço.
Os amores que mais nos marcam são os fugazes, os beijos que partilhamos com um rapaz que nunca víramos antes mas que nos atraíra de forma irrecusável, momentos de paixão em que amámos alguém cujo nome apenas conhecíamos há dias ou horas, atracções fortuitas que considero o amor fugaz que nos assoma e nos abandona deixando as melhores memórias.
A estranheza do amor reside na sua duração, há pessoas que conseguem perpetuar indefinidamente essa chama, caminhando de mãos dadas enquanto vêem o fim aproximar-se, enquanto pessoas não conseguem lidar com dois anos de casamento.
Se me perguntassem como vi que aquele casal estava realmente apaixonado diria que no olhar, na necessidade dela encontrar os olhos dele e ele corresponder de forma incontestável àquele olhar profundo, os olhos dele brilhavam como se visse nunca tivesse visto ninguém tão belo; enquanto continuava a descer a rua não consegui retirar os meus olhos daquela cena, a certa altura pareceu-me que ela chorava...
Sim, o amor também nos faz chorar. E muito. Eu costumo dizer que se não sofrermos para alcançar o amor é porque este não é verdadeiro, não podemos usufruir de algo tão belo sem nos magoarmos pelo caminho, por alguma razão valorizamos mais o amor que se segue à dor, do que aquele que nos é dado abertamente sem nos pedir nada em troca. O primeiro é mais genuíno, mais verdadeiro mais sentido.
Já escrevi muitas vezes sobre o amor ma s acho que tentamos defini-lo demasiado, o que nos resta como seres com conhecimento limitado é amar, viver, sem nos preocuparmos em procurar qual a definição correcta para algo diferente em cada pessoa, único cada vez que acontece, perfeito nem que seja apenas por um segundo, um segundo maravilhoso, um beijo explosivo, instintivo, estranho. Estranho como o amor.
5 comentários:
"Eu costumo dizer que se não sofrermos para alcançar o amor é porque este não é verdadeiro,"
Pois eu costumo dizer que quando o amor é verdadeiro não faz sofrer.
A posse é que faz sofrer, o Amor não.
:D Adorei!
Ma td era mais facil se o amor, não nos fizesse sofrer tanto... :(
beijo
Será que o que faz sofrer é realmente o amor?
Já sofri muito com ciúme,duvida, desconfiança, possessão insegurança, and so on!!!
Amor não traz sofrimento,mas sim paz felicidade serenidade leveza força para superar tudo, mesmo os muros que nos parecem intransponiveis.
O dificil é encontrá-lo e conservá-lo....:)
Amor que é amor não faz sofrer!... Pode-se é sofrer por amor, que é algo bem diferente.
"...busca incessante que todos partilhamos, ainda que alguns inconscientemente, na necessidade de sentir os lábios daquela pessoa que tanto desejamos nos nossos, a nossa pele a arrepiar-se com o toque da sua mão, os olhos que tentamos alcançar e que quando se fixam nos nossos nos levam a um êxtase profundo, uma necessidade descontrolada de tocar, percorrer, conhecer, amar essa pessoa que se apresenta perante nós."
O amor é tudo isto e muito mais, é indescritivel quando acontece!
Angel
Realemte o amor é um lugar estranho. Cada um tem uma sensação unica quando passa por ele.
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