sexta-feira, 21 de maio de 2010

Minhas ricas meninas, nem sabem o que as espera



As minhas alunas são muito vaidosas. Muito princesas. Há dias combinaram vir todas de cor-de-rosa. Outro dia combinaram esperar-me todas de óculos escuros. Quando eu chego à escola, dizem sempre em coro - Boa tarde, professora. Fazem peças de teatro sozinhas que depois pedem para apresentar na sala de aula. Fazem coreografias. Agora três delas estão a escrever um livro, dizem. E lá andam elas com umas folhinhas A4 todas escritas a lápis. São muito queridas. E, apesar de algumas já terem umas maminhas giras a crescerem, são muito infantis e muito inocentes. E eu adoro isso. Eu também fui assim. Vivi tudo na altura que tinha de viver. Sem pressas. Sem nada. Acho que cada coisa tem o seu tempo para ser vivida e nunca apreciei meninas novinhas com sentimentos e atitudes de adultos. Por exemplo, uma das coisas que me faz imensa impressão é ler blogues de meninas de dezasseis ou dezoito anos a falarem da vida e, sobretudo, dos homens como se tivessem trinta ou quarenta. Acho que para tudo há um tempo.

Mas dizia eu que o corpinho delas já começa a denunciar aquelas mudanças e isso não é indiferente aos rapazolas mais velhos. E foi disso que eu me comecei a aperceber há dias numa visita ao museu de arqueologia (uma vez que os colegas lá na escola ainda estão naquela fase de apenas quererem jogar futebol e trocar cromos.). Estavam as pobrezinhas a fazer um trabalho de grupo em pleno museu, comigo e com um monitor a supervisionarmos, quando uns matulões dos seus catorze ou quinze anos começaram a pedir-lhes (como se fosse uma ordem) o número de telemóvel. Elas, coitadinhas, olharam para mim muito aflitas - ainda por cima a maior parte delas nem tem telemóvel - sem saberem o que dizer, coraram e riram muito atrapalhadas. Enquanto os quase imberbes, daqueles que têm para ali meia dúzia de pelitos escuros por cima dos lábios e uma cara cheia de borbulhas, continuavam - querem o meu nove seis? querem ou não? (no meu tempo perguntava-se o nome, hoje em dia oferece-se/pede-se/exige-se o número de telemóvel).

Pobrezinhas. Vão ficar entregues à bicharada.

15 comentários:

rosaamarela disse...

Até dói o peito quando te ouço falar assim, mas sabes aquela frase feita "são tudo bons rapazes"? ... pois TB há "MUITO BOAS RAPARIGAS"

HOPE GOOD NEWS IN THE WEEK END

Gelatina de morango disse...

Têm que idades as tuas alunas? Provavelmente já disseste mas confesso que não me lembro.
Achei um piadão a essa de combinarem ir todas de cor de rosa para a escola, que fofas =)!

Vida de Gorda disse...

Entao eu tenho uma filha e nem kero pensar nessas coisas. Nao me deprimas que afinal é 6ª feira

Joana disse...

bicharada é o termo!

bjinho*

Clara disse...

n te preocupes. a minha, tendo 11 e cabecinha de 50, sabe-se defender muito bem dos rapazes. coisas de quem desde os 5 anos leva com esses filmes [eu também acho que quando era pequena os rapazes não se metiam cmgo, mas se calhar porque a minha mãe me cortava o cabelo].

Helena Barreta disse...

Deixem-nas crescer, depois são elas que dão a volta aos rapazes.

Como mãe de um jovem de 18 anos, posso dizer aos pais com filhos pequenos que não vale a pena angustiarem-se e fazerem filmes, ou mesmo dramas, essa fase da pré e adolescência é isso mesmo, a idade da descoberta, das aventuras, mas basta só vermos a vida com os olhos deles, entrar na boa, autoridade, responsabilidade e confiança e é uma fase bonita.

Um beijinho

Colorida disse...

Que giras as tuas alunas! No entanto, cheira-me que quando uma delas começar a dar uns beijinhos com um rapaz vai mudar tudo...
Naquela idade nós somos muito burrinhas e inocentes.
Beijinhos e espero que tenhas boas notícias nos próximos dias

prada disse...

Tambem assim penso, que tudo tem o seu timing, e que essas fases de mudança , são lindas e complexas..
É preciso ter muito cuidado, e estar atento a todos os sinais.
A tua escrita é muito transparente,é um prazer passar por aqui!

prada disse...

Volto aqui para te desejar um fim de semana sereno, e que saias rápido desse sufoco.
Tem calma que tudo vai correr pelo melhor.

Anônimo disse...

a juventude está perdida

Rafa disse...

Está giríssimo este post Kitty! Sorri a imaginar o teu tom maternal a contar isto ao vivo e a cores.
Um grande beijinho.

Microondas disse...

sim, sim. Olha que o que se vê é que elas andam a ficar mais frescas mais rapidamente do que eles. Nunca me esquece um estagiário que apanhei há alguns anos, a terminar a faculdade, rapaz bem parecido que se põe a desabafar comigo que não conseguia encontrar uma rapariga de jeito disponível para um namoro, que já lhe apetecia, que só lhe apareciam malucas a querer coboiada.

Chama-lhes inocentes. Já apanhei umas que pouco mais velhas devem ser que as tuas num local público que não me conheciam de lado algum e atiraram "o stor é um tesão!". A marotice anda a crescer-lhes mais repentinamente do que as maminhas.

Kella disse...

Minha querida...as tuas alunas deste ano podem bem vir a ser a minhas do ano que vem...mudam de ciclo, as saias sobem, os decotes descem. É assim mesmo, quer queiramos ou não.
Um bom fim-de-semana!

Paula disse...

Essa fase é uma graça e é tão bom crescer devagar!!!
Eu tenho um rapaz com 12 anos-é alto,tem cabelo claro e olhos azuis...ai Kitty,vai ser uma trabalheira.E o que noto é que as meninas são muito mais despachadas que os rapazes...da mesma idade,claro.
Porque ele,com aquele tamanho todo,é um bébé grande,com a cabeça (ainda!)cheia de futebol e ping pong...mas elas atacam com bilhetinhos e segredos...e risinhos quando ele passa!!!ahahah...Por isso,não te preocupes com as tuas meninas cor-de-rosa,um dia vão ser umas mulheres decididas e com certeza que vão ser elas a escolher que numeros de telefone querem aceitar :))

Isilda disse...

Pois,armam-se em grandes depois ficam com medo.
O mal é que os jovens crescem á força,crescem à força em altura e psicologicamente.
Vejo pessoas com menos de 15 anos a comportarem-se como se tivessem 37.
E agora vai ser sempre assim porque os conhecimentos evoluiram muito e não existe mais aquela inocência.