quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mas isto é o lançamento de um livro ou é a estreia de um filme do António Pedro Vasconcelos?



A Soraia Chaves a ler passagens do livro? Margaritas, acepipes mexicanos e banda sonora com mariachis? Um autocarro entre a Lx Factory e o Music Box? Lamento, mas toda e qualquer empolgação que eu tinha com este livro acabou de ir pelos ares. Como dizia o outro, foi assim um ar que se lhe deu. As Margaritas ainda escapam, mas a Soraia Chaves? Já começo a vislumbrar os intelectuais da nossa praça babados com o seu decote e deliciados com os seus gemidos. E já que estão numa de festa rija, porque não convidarem também a Cinha Jardim para posar para a Caras? Hoje em dia já só interessa o que vende milhares de exemplares. As editoras já não são o que eram. Tenho saudades daqueles lançamentos discretos, com meia dúzia de pessoas.

Adenda: É mesmo isto. Desconfio sempre dos entusiasmos bovinos em redor de certos autores. Como o recente e orgástico alarde à volta do escritor Roberto Bolaño. Está na boca de toda a gente. Fizeram-lhe até uma festa de lançamento com direito a leitura de excertos pela Soraia Chaves e shots de margueritas. Um horror. A literatura já não é o que era. Excerto retirado do blogue da Luna, mas as palavras são da magnífica Ana de Amesterdam.

13 comentários:

prada disse...

Tambem comungo dessas saudades!!!

Precis Almana disse...

Com direito a booktrailer e tudo :-d
Mas olha, vai o Agualusa... Mesmo que não leias o livro, tu vai ao lançamento! :-P

Anônimo disse...

E as páginas coloridas para cada comprador? Ninguem fala delas?
Não é só margaritas há mais coisas.

Anônimo disse...

Peço desculpa Kitty mas as belas palavras que falas da Ana de Amesterdam seguem-se com a seguinte informação:
" A literatura já não é o que era. A literatura, mesmo a que se quer decente, a tal do cânone, está na moda. E tudo o que está na moda perde o encanto. Torna-se ordinário. Quero os livros que leio para mim. É uma coisa um bocado parva e elitista mas que assumo.Não faço questão de os partilhar, aos meus livros, com ninguém. "

E logo aqui deixa de fazer sentido. Seriamos muito inferiores se não houvesse partilha dos livros. Mais elitista que as margaritas que vão ser colocadas na Lx Factory é alguém querer os livros só para si e não os partilhar com ninguém.
Calculo que se deva abolir toda a poesia dada no ensino secundário porque CREDO ESTAMOS A PARTILHAR LEITURA E A TORNAR AS PESSOAS MAIS CULTAS. Que raio de elitistas os que colocam a Soraia Chaves na mesma festa de um livro. Essa festa nem devia assistir que era para só eu ter acesso ao livro...Mas como teriam esses elitistas acesso aos livros se os mesmos não fossem divulgados?!

Ana disse...

Kitty percebo a sua ideia. E também fico um pouco assustada com tamanha empolgação em torno de um livro mas acho que se calhar neste vou ceder e ir atrás da multidão (não há festa antes que se concretize o que aqui diz da Cinha).
No entanto, li o post da Ana de Amsterdam e fiquei um pouco desagradada. E atenção que refiro-me ao post em questão e não ao blogue em si.

"Quero os livros que leio para mim. É uma coisa um bocado parva e elitista mas que assumo. Não faço questão de os partilhar, aos meus livros, com ninguém".

Se não fosse a questão da partilha seriamos garantidamente um país menos informado. Acho fulcral que haja partilha cultural para a evolução de um país.

Quando a Ana disse
"Nunca mais lerei um livro na vida" - isto em função do seu livro preferido e do que Bárbara Guimarães pode dizer sobre o mesmo - Mal de quem gosta de ler se tivesse de andar preocupado com o que uma famosa pode dizer sobre o mesmo em vez do que o mesmo pode provocar em nós e nos outros. Sim porque viver em sociedade é exactamente isso. Saber que há o "nós" e os "outros".
Realmente se calhar o melhor é como a própria diz "nunca mais ler" porque de facto não compreende o que é a Literatura.
E espero que alunos meus não tenham este tipo de opinião porque aí garantidamente que estarei a passar mal a mensagem.

E para terminar quero frizar que embora esteja contra algo dito num post não estou contra o blogue, ou a pessoa em causa.

R. disse...

Kitty:

Bolãno está longe de ser um escritor da moda a nível mundial! Só o é em Portugal devido ao recente sucesso de Los Detectives Salvajes, livro que há uns meses era obrigatório qualquer personalidade mais ou menos VIP dizer que estava a ler!

Um pouco ao jeito de 1984, livro que todo Portugal parece ter lido! Algo absolutamente fantástico face aos hábitos de leitura e taxa de iliteracia cá no burgo!

A festa de lançamento do livro em Portugal pode ter sido uma feira de vaidades (como de resto acontece quase sempre com a "turma do croquete") mas isso não muda uma vírgula ao texto do Bolãno!

Bem talvez mude, mas isso é culpa do acordo ortográfico!

Bolãno é um escritor aclamado internacionalmente. É um escritor de culto, muito longe do hype de Dan Browns e afins.

Esquece lá a patetice da festa de lançamento! O que conta mesmo é o livro!

Anônimo disse...

Um romance não necessita de capas cinza enfadonhas para ter conteúdo interessante. A literatura é uma arte como outra qualquer: Mais vale ler três livros da Margarida Rebelo Pinto e dois do Palo Coelho em seis meses do que passar um ano a ler sms e outdoors publicitários.

Um livro é apenas uma plataforma para contar uma história. Com Soraia ou sem ela; com croquete ou bolinho de bacalhau, o que realmente importa é criar alguns hábitos de leitura.
;)

GATA disse...

ALTO E PÁRA TUDO!

A que lançamento te referes?! É porque o lançamento deste livro ainda não foi!!! E tu estás na 'gest list' e eu não sei??? MAU!!! Eu vou já investigar!!! Sim, minha cara, eu sou pior que o SIS... eu sei tudo!

Ah, e não digas mal do autor ok? Que o homem já morreu e certamente irá dar voltas na tumba quando ouvir a SC a ler passagens da sua obra!

PS: my boss is very close to the RB family... so watch out! :-)

A. disse...

R.

acontece que o 1984 (um dos livros da minha vida) foi publicado em 1949, enquanto 2666 é de 2004, logo é mesmo uma questão de moda, já o outro é um clássico. Acho que não é o livro ou a sua qualidade em si que é posta em causa, mas o circo que se montou relativamente ao seu lançamento, e que, em algumas pessoas (eu inclusa), tem um efeito contraproducente.

Juanna disse...

Mas que raio de livro é este que só faz furor 5 anos depois de ter sido publicado??

R. disse...

@ Luna:

Em nenhum momento comparo 1984 a 2666!

Disse apenas que 1984, devido à genialidade de Orwell, é um livro que fica bem dizer que já se leu e faz parte do top 5! Sendo um clássico, esteve, está e estará sempre na moda!

Da mesma forma, há uns meses atrás, quando se entrevistava alguma personalidade num qualquer suplemento de um jornal de referência e se perguntava que livro está a ler, a resposta pouco fugia a Los Detectives Salvajes de Bolaño!

O mesmo sucedeu com Rayuela de Cortázar ( e este é de 1963 por isso está quase a fazer os 50 anos da praxe...) e certamente sucederá com 2666!

Resumindo, o facto de estar na moda em Portugal devido ao seu recente lançamento não faz que Bolãno ou Cortázar sejam escritores comparáveis a Dan Brown ou Stephenie Meyer!!!

Imagina que Hollywood decidia avançar com um remake do 1984 ou que o livro seria alvo de uma primeira edição em Portugal. Provavelmente teríamos uma festa de lançamento com a Soraia Chaves a ler passagens de Orwell.

Teria o livro menos valor? Deixaria de ser o livro da tua vida? Perderia qualidade? Ou deixaria de te despertar interesse?

Foi este ponto que tentei focar! O importante ali é o livro! Não é a turma do croquete!

Eu admito que o hype em torno de um livro me pode afastar dele se souber que é algo mais descartável! Certamente que não será o caso deste 2666!

E sinceramente... Pensando apenas numa vertente de marketing, a estratégia da Quetzal é brilhante. O livro tem 1008 páginas e custa quase 30€!! É preciso algum sex-appeal para o vender! Certamente não seria conseguido com o Vasco Pulido Valente a ler Bolaño...

Anônimo disse...

R:
ADOREI a explicação! Assim não deturpam o conteúdo da mensagem ;)

Anônimo disse...

Concordo com o R. O que interessa é que o homem é bom escritor (dizem), e eu não sei quando vou acabar de ler aquele calhamaço, talvez lá para o Natal. Já comecei e estou a gostar, e pronto....e aproveitei um vale de desconto que tinha da Bertrand e só me custou 18€ Ó yeahhh!!!